sexta-feira, 31 de maio de 2013

VIAJANTES DO INÍCIO DO SÉCULO XIX E A REPRESENTAÇÃO DO SERTÃO BRASILEIRO (t]Transcrição)

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Carente de relações sociais consistentes, o sertão não escapa do poder arbitrário. A maneira como Saint-Hilaire analisa a Independência e seus efeitos na província de São Paulo evidencia essa avaliação:
A maioria dos franceses ganhara extraordinariamente com a revolução de 1789, que suprimia privilégios legais de que se aproveitava uma classe favorecida, no Brasil, a desigualdade de classe não tinha sido, realmente, consagrada por lei alguma. As injustiças, de que as classe inferiores tinham muitas vezes razão de queixa, eram abusos de poder cometidos constantemente pelos funcionários da administração e pelos homens ricos, mas foram precisamente esses homens que, nos primeiros tempos, se puseram a frente da revolução [Independência], pensando unicamente em diminuir a autoridade do rei, para aumentar a própria autoridade. Expulsaram os capitães-generais, não se ocupando, de qualquer forma com o povo, que ficou perguntar a quem poderia implorar proteção.37
Primeiro, é necessário notar que Saint-Hilaire utiliza o termo "classe" é em um sentido pouco preciso. De qualquer forma, o ponto que gostaria de explorar está claro: o exercício de poder na América portuguesa não observa determinações legais bem definidas e os detentores do poder local, os funcionários da coroa e os ricos, agem de modo abusivo e arbitrário, prejudicando as "classes inferiores". A Independência, em vez de reverter o quadro, possibilitando diretos civis e diminuição da desigualdade – como na Revolução Francesa –, aprofundou ainda mais o problema, pois ela acentuou a autoridade das elites regionais. Após 1822, o "povo" perdeu a mediação da instância superior capaz de limitar as arbitrariedades dos poderosos. O viajante, com essa análise, reafirma a debilidade da organização social no Brasil, em especial nos lugares mais distantes das capitais.
A denúncia do poder arbitrário é ainda mais explícito quando Saint-Histaire analisa a atuação dos supostos representantes da Coroa durante o período colonial, os capitães-generais:
As capitanias tinham à frente do seu governo capitães-generais, cuja a autoridade, quase ilimitada, era ao mesmo tempo civil e militar (...). Livres de qualquer vigilância, saudosos dos prazeres de uma grande capital, cheios de desprezo pela região que governavam, devorados de tédio, não tendo mais iguais com quem tratar, rodeados de aduladores e de escravos, esses capitães-generais entregavam-se muito freqüentemente a todos os caprichos do despotismo; e a voz do povo oprimido não podia chegar até os ouvidos do soberano que residia além dos mares.(38) (Fonte: http://migre.me/eOnwy)
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Observação: A versão dos capitães-generais em se tratando de História continuam imperando? 
A história pode ser facilmente manipulada (Transcrição)
"Ultimamente venho apagando tantos incêndios em minha vida pessoal e profissional que mal consigo responder as algumas questões postuladas nos comentários como um onde dias atrás alguém disse que a História deveria ser um dos ramos da Ciência assim como o é a História Natural da Biologia. Mas não é bem assim. Uma das razões pelas quais a História não é uma Ciência em sentido estrito é que ela é contada pela ótica dos vencedores, e o passado costuma perder-se facilmente pelas fissuras da memória e as manipulações documentais como a areia entre os dedos." (Fonte: http://migre.me/eOnT0)

 

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...