sábado, 17 de agosto de 2013

AO SUL DA CAPITANIA DAS MINAS (Transcrição)

3. Disputas territoriais ao Sul das Minas
Podemos perceber que a região ao sul da Capitania das Minas foi sempre território de disputas entre essa capitania e a Capitania de São Paulo, o que gerou inúmeros conflitos entre os dois lados pela cupação das terras. Vários episódios marcaram essa disputa, como o que se observa na documentação do Arquivo do Estado de São Paulo, em que a freguesia de Santa Anna do Sapucahy, ao sul do Rio Sapucahy se tornou região de conflitos por volta das primeira décadas do século XVIII, até que em 1749, o ouvidor geral do Rio das Mortes, Thomaz Rubim de Barros demarcou a região para a capitania das Minas. Contudo, anos antes, eram registradas essas disputas nas cartas do governador da apitania de São Paulo ao Capitão-mor, de Santa Anna do Sapucahy, Francisco Martins Lustoza, no ano de 1746:
                                       Na carta que vossa mercê me escreve de 22 de maio, vejo a noticia que me dá do attentado que cometeerao os officiaes da Comarca do Rio das Mortes e o louvável modo com que Vossa Mercê lhes rebateo o animo com que vinhao de espoliar a Vossa Mercê, e a esta Capitania, da posse em que está desse descuberto(...) novamente lhe recommendo a mesma cosntancia, no caso que elles voltem a querer insistir na sua terra, ainda que entendo o não farao, baldando segunda vez a sua viagem; porem no caso o fazerem, Vossa Mercê sustentara a todo o custo as ordens que lhe tenho dado, não lhes consentindo que facão acto algum possessório, ou de jurisdição, antes me fora logo aviso, porque quero ter o gosto de ir pessoalmente a esse descuberto com alguns soldados desta praça e fazer conduzir presos(...) 16
Da mesma forma, a sede do termo, em que se encontra a freguesia de Itajubá, Campanha da Princesa, foi ocupada e exigida sua posse pelo governador de São Paulo por várias vezes e o mesmo tipo de providência teve que ser tomado pela Comarca do Rio das Mortes. Marcos Ferreira afirma que os conflitos entre os homens da Capitania de São Paulo e os representantes da Comarca do Rio das Mortes não cessaram, nem mesmo com a chegada do ouvidor, muito menos com a criação do arraial, perdurando boa parte dos setecentos. Assim, o autor da posse foi ratificado em 1745, pela Câmara da Vila de São João del Rei, pois um representante do governo de São Paulo exigia a posse do arraial. Segundo o autor, disputavam, na verdade, uma área estratégica, de fácil acesso ao Rio de Janeiro e a São Paulo, o que facilitava o extravio do ouro.  Podemos perceber, a partir da documentação analisada, que mesmo depois da criação do bispado de Mariana, em 1745, a freguesia de Itajubá e outras próximas,  continuaram pertencendo ao bispado de São Paulo, até meados do século XIX, mesmo  sob jurisdição administrativa da Capitania das Minas. Talvez ainda não seja possível compreendermos – e isso será nossa preocupação para trabalhos futuros – como se dava essa organização administrativa para a Capitania das Minas e a organização religiosa para o bispado de São Paulo, para o caso da região sul mineira. De acordo com Caio Boschi, sabemos que os bispados tinham mais do que a função de executar os sacramentos e cuidar da vida moral e espiritual dos colonos, servindo também para complementar a administração civil do Império Português. 18 Para o sul da Capitania das Minas é possível entender essa função também administrativa do bispado. Entretanto, acreditamos ser provável que a jurisdição do bispado de São Paulo sobre essas freguesias - mesmo muito tempo depois da criação do bispado de Mariana – se explique pela forte presença de representantes da Capitania de São Paulo nesse território, provocando conflitos pela posse dessas terras e por uma disputa também eclesiástica dos dois bispados por essa região. É o que se verifica para o caso da disputa pela matriz da freguesia de Itajubá:
                               Senhores officiaes da Câmara- diz o procurador da Mitra deste  Bispado de São Paulo que para certos requerimentos que tem o  bem da mesma me he precizo huma atestação de vmcês. pela qual  conste que os primeiros moradores de Itajubá sempre foram  súbditos deste bispado, tendo por parocho no principio da  povoação da frequezia da Piedade e depois de se erigir capella  naquelle lugar, Capellao Curado que foi o primeiro Revdo.  Antonio da Silveira e hoje se acha freguezia provida de vigário e dividido da Piedade, sem que em tempo algum fossem os seus moradores sugeitos no espiritual ao Bispado de Mariana.(...) 19
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4. Transformações socioeconômicas para a Freguesia de Itajubá Segundo Armelim Guimarães, em 1762, a capela curada foi elevada à freguesia, com igreja matriz, conforme a portaria desta data de Dom Frei Antonio de Madre de Deus, bispo de São Paulo. A construção da capela há alguns anos atrás resolvia o problema da população que, dentre as outras dificuldades encontradas, tinha que manter suas obrigações religiosas no Vale do Paraíba (mais precisamente na freguesia de N. Sra. da Piedade, atual cidade de Lorena/SP, logo após descerem a Serra da Mantiqueira), por falta de um padre que cumprisse com as funções religiosas na própria freguesia. A freguesia de Itajubá também era considerada um julgado, isto é, uma povoação sem pelourinho, nem privilégio de vila, mas mantendo justiça própria.20 Ao receber a função de julgado, possivelmente, a freguesia de Itajubá não se restringiria a atuar somente em sua localidade e poderia atender a outras regiões do  termo de Campanha da Princesa. Fonte: http://migre.me/fMbI1
Parafraseando: Itajuba Velho alto da Serra da Mantiqueira, lado Mineiro(atual área ocupada pelo Municipio de Delfim Moreira-MG e Marmelópolis-MG). Piquete-SP, alto da Serra lado Paulista, - "os primeiros moradores de Itajubá na época estavam subordinados ao bispado de São Paulo, tendo por parocho no principio da povoação o da frequezia da Piedade Lorena e depois de se erigir capella naquelle lugar, Capellao Curado que foi o primeiro Revdo. Definitivamente, nestas condições a rota percorrida entre as duas localidades sempre foi via espaço colonial de Piquete-SP, sem nuca haver dependido do beneplácito do cognominado Capitão Lázaro Fernandes. Ou, os índios bravos que viviam entre a Rio Paraiba e as montanhas da Mantiqueira, dependeram de alguém para dar nome à localidade de Itajubá, toponimia de origem tupi-guarani?
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