domingo, 24 de novembro de 2013

De Potosí a Ouro Preto: um esboço comparativo (Transcrição)

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4. A MÃO-DE-OBRA NAS MINAS
A mineração na América espanhola teve sua mão-de-obra baseada no labor indígena, este regime de trabalho por sua vez foi mais bem organizado com o término do período dos, “tempos de exploração e conquista [que] cediam a vez ao assentamento efetivo”. (CARDOSO, 1983, p.79), afim de que fossem desenvolvidos melhores sistemas de extração, o que não ocorreu nos grandes distritos mineiros portugueses uma vez que estes recorreram á escravidão africana, forma de mão-de-obra que já era característica do Brasil havia dois séculos.  Logo, o processo de organização da força de trabalho nas colônias espanholas e portuguesas se passou de maneira distinta. Para que compreendamos esta ação se faz necessário entender que a busca por americanos nativos na América espanhola aconteceu especialmente em regiões nas quais existiam uma população densa e que mais tarde se tornaram núcleos centrais do império espanhol, devido a descoberta de minérios. Entretanto, como a sede pela mão-de-obra era grande pela maioria dos colonizadores, a escravidão foi assim em quase toda parte o primeiro sistema de trabalho, com isso os líderes dos grupos espanhóis reconheceram a necessidade de um sistema de distribuição ou racionamento que fornecesse uma força de trabalho aos poderosos de uma maneira que se evitassem disputas entre os mesmos. Deste modo foi aplicado o chamado sistema de repartimientos  utilizado na Castela da Reconquista que consistia: na divisão pelos reis, das terras e povos conquistados entre os indivíduos merecedores de recompensa. No México e no Peru a força de trabalho denominada  repartimiento mais tarde foi chamada de  encomienda e tinha por finalidade compartilhar de modo mais ou menos amigável a oferta de mão-de-obra com os primeiros colonizadores, no entanto à medida que o tempo passou a  encomienda não se tornou um benéfico feudal, mas um arranjo contratual entre a coroa e o conquistador, no qual este último tinha um número determinado de índios pagadores de tributos que ficava sob seus cuidados materiais e espirituais por parte do clérigo, em troca do direito de extrair quantidades grosseiras e prescritas de trabalho e produtos. Pelo fato deste sistema da  encomienda acarretar questões problemáticas com a coroa e morte de muitos nativos, ficou então estabelecido um novo regime de trabalho em 1570, o chamado recrutamento forçado, que foi denominado na Nova Espanha de  repartimiento e de mita  no Peru (e Quíchua, para os nativos). Este sistema de trabalho (repartimento) antecedia o ano de 1570, pois em 1530 prontamente se tinha nativos sendo enviados para as minas na Guatemala, visto que esta forma de trabalho para os índios se tratava da  mita, regime que já era conhecido e praticado pelos Incas e Astecas (coatequilt). Deste modo, os espanhóis fizeram uso do sistema de  mita já existente que por sua vez consistia em um rodízio que enviava um grupo de  mitayos por cerca de seis ou doze meses para as minas e depois eram substituídos por outros grupos, apesar de muitos  mitayos jamais retornarem. Em oposição a esta forma de trabalho na América Espanhola temos a mão-de-obra escrava usada na extração de minérios na colônia brasileira, a mesma se fez presente ao longo  de todo o processo da economia mineira tanto no ciclo do ouro quanto do diamante. Estes cativos foram introduzidos “introduzidos principalmente pelos difíceis caminhos do sertão vizinho da Bahia, através do porto do Rio de Janeiro e do Caminho das Minas” (OILIAM, 1993, p.44) além da vinda predominante de grupos africanos específicos como os Bantu e Mina. Entretanto com a extração de metais preciosos ocorreu um deslocamento de mão-de-obra indígena (mitayos) na América espanhola e de escravos na América portuguesa das regiões responsáveis pela produção agrícola em direção as regiões mineradoras, isto resultou num déficit de gêneros alimentícios, justamente para aquela população urbana que se constituía em torno destas zonas mineiras, nos dois casos Potosí e Minas Gerais. Outra característica que podemos atenuar é que em ambos os processos de mineração as condições de trabalho resultaram em fortes índices de mortes da mão-de-obra indígena e escrava, por motivos que vão desde doenças até desmoronamento das minas. Também é possível perceber um movimento semelhante por parte da mão-de-obra na América espanhola e portuguesa uma que vez que nesta primeira a  mita levo a muitos mitayos comprarem sua saída da minas com seus  curacas ou aos empregados, o que chegava a alguns casos ser vantajoso, já que a quantia que os  mitayos pagavam para evitar o regime de trabalho era maior que o valor da prata por eles produzidos. No caso da escravidão das Minas Gerais, temos uma ampliação das perspectivas de ascensão do escravo e também de liberdade do trabalho nas minas, por meio das alforrias que cresceram consideravelmente neste período. (Fonte: Maria Lúcia Bezerra da Silva Alexande   http://migre.me/gKuef)

 

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