sábado, 30 de janeiro de 2016

O Rio Sapucaí: Anotações Para Uma Narrativa Histórica (Transcrição)

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A descoberta do rio Sapucahy é atribuída a diversos bandeirantes paulistas, em expedições datadas desde a última década do século XVI até meados do século seguinte, e presume-se que tenha sido concomitante à descoberta do rio Verde. Teriam chegado ao vale do rio Sapucaí, as expedições de João Botafogo (1596), Martim Correa de Sá, Padre João Farias, Matias Cardoso de Almeida (1664), entre outros, havendo inclusive hipóteses sobre eventuais encontros entre algumas dessas bandeiras. 
Mas a conquista do vale do Sapucaí como território mineiro foi objeto de duras disputas entre autoridades metropolitanas e forasteiros e bandoleiros que já exploravam o ouro deste território anteriormente à ocupação oficial. Disputas essas acirradas pelo conflito entre as próprias autoridades metropolitanas, civis e eclesiásticas, notadamente entre paulistas e mineiros.
A partir da Guerra dos Emboabas (1708/1709), os conflitos pela posse das minas desencadeiam uma séria de medidas administrativas visando assegurar a presença nos sertões das autoridades metropolitanas. Em 1714 foram criadas na região das Minas, comarcas, entre elas a Comarca do Rio das Mortes, tendo como sede a Vila de São João del Rey . Para contestar a delimitação dessa comarca ao sul, autoridades paulistas fixaram novo marco em Caxambu, que foi removido pelos mineiros em 1731, inaugurando uma série de conflitos violentos em que as ordens régias pouco valiam.
Os impactos ambientais da exploração do ouro nos rios eram intensos. 
As descobertas de ouro, [...], foram a principio mais freqüentes nos ribeiros que nos rios. [...] No começo era muito facil a exploração do ouro nos leitos dos rios e córregos [...]. Poucos annos, porem, depois estes se foram cobrindo de lama, de sorte que se tornou mais difficil a exploração dos depósitos mais ricos de ouro, que se iam sempre afundando [...]. O represamento e o desvio das águas atravez dos baixios próximos de depósitos de alluvião é que conduziu á descoberta do ouro nas margens dos rios e nessas baixadas (taboleiros). (SILVEIRA, 1927, p. 52) 
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A partir do reconhecimento oficial da região pelas autoridades mineiras, são efetivados os descobertos de ouro em São Gonçalo do Sapucaí (1739) e Santana do Sapucaí (1746). A posse canônica do segundo descoberto em 1750 teria ensejado conflitos entre o Bispado de Mariana, de Minas Gerais e o Bispado de Guaratinguetá, de São Paulo. Tais conflitos já vinham desde 1747, quando da “Questão das Cinco Igrejas”, em que os bispados disputavam a jurisdição eclesiástica sobre as igrejas de Aiuruoca, Baependi, Campanha, Carrancas e Pouso Alto. O rio “Sapucahy” era a linha divisória entre as duas dioceses.
A cartografia da época sobre os limites entre as capitanias evidencia os conflitos entre ambas.
No mapa “Demonstração de P.te da Diviza desta Capitania com a de S. Paulo”, produzido por volta de 1800, encontra-se representada a divisa entre Minas Gerais e São Paulo, bem como a rede de caminhos entre essas duas capitanias, tendo os rios Paraíba, Baependi, Aiuruoca, Verde e Sapucahi [Sapucaí] e a Serra da Mantiqueira como referências. (COSTA. A., 2007, p. 158)
Este mapa apresenta uma curiosa inversão na representação cartográfica tradicional entre o Norte e o Sul, sendo a capitania de São Paulo desenhada na parte setentrional e a capitania de Minas, na porção meridional. Nesta porção figura parte do vale do rio Sapucahy. Foram assinalados a posteriori, seguindo as indicações da legenda do mapa, o registro de Itajubá (n. 7); a Vila de Campanha (n. 10), criada em 1798; o Arraial de São Gonçalo (n. 11) e o Morro do Lopo (n. 16).
 Fonte: Maria Lúcia Prado Costa. http://www.fundamar.com/imprensa.aspx?id=59












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