quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Breve descrição do rio São Francisco - Itinerário de Guilherme Glymmer - descrição, que encontrou abrigo na obra de P. Marcgrave – História Botânica do Brasil (Transcrição)

Brere descrição do rio São  Francisco o Itinerário lo Goilherae Giimmerio pelos sertões lo Brazil de Georgi Marccravi EXTRAHIDA DA «HlSTORKE ReRUM NaTURALIUM BrASILKE» TRADUZIDO POR JOÃO VIEIRA DE ALMEIDA de Pernambuco e a Bahia de Todos os Santos, é um dos mais O rio S. Francisco, que serve de limite entre a capitania com certeza daquelle lago celebrizado pelas narrações de muitos notáveis ; pois julga-se que desce do interior deste continente, rios caudalosos os lança no oceano, principalmente o Rio de la eacriptores, o qual recebe todos os rios e torrentes, que doa montes altíssimos do Peru se dirigem para o oriente, e tornados tenha sido explorada, com tudo a pura razão parece demonstrar Plata, do qual já ninguém duvida ; Maranhão e este nosso. Por- quanto ainda que a fonte ou origem deste rio por ninguém aindaxes de verão, em que as cbuvas aqui são raras e moderadas, tão isso com toda a evidencia, porque contrariamente aos outros rios, que desta região do Brazil correm para o oceano, este nos me- volumoso se ostenta, que as suas aguas ainda são doces a allargo e profundo. Quanto ao mais, a darmos credito no que digumas milhas, pelo mar a dentro. Os nossos compatriotas, nestes últimos annos, subiram este rio, numa pequena embarcação, até quarenta milhas mais ou menos, onde ainda era suficientemente zem os Indigenas e os Portuguezes, elle se apresenta de tal cataractas o leito do rio se torce para o noroeste algumas mi- modo que, cerca de cincoenta milhas de distancia do mar, se precepita de altíssimos rochedos ou cataractas, a que chamam Cachoeira (Cacoeras, no original) e que não pode ser remontado mais acima, por aquelles que vêm do mar. Porém, acima das — 283 — era abundante em ouro, de que ninguém faz caso. Este, porém, ar- lhas, depois segue-se um grande lago, no qual estão espalhadas moitas e lindíssimas ilhas, que são habitadas pelos bárbaros, como também o são as margem de todo o lago. Mas, nesse mesmo lago recolhi areias auríferas, e os moradores me disseram que rastado por uma inanidade de torrentes dos rochedos auríferos na duvida de que os nossos, para o futuro, se hão de esforçar, que estão voltados para o Peru, é conduzido para o lago. Além disso, aqui se pode encontrar grande quantidade de exceli ente nitro ; um padre portuguez sério o illus trado contara que esse mineral fora já explorado por um governador da Bahia; esse padre asseverou aos nossos compatriotas que viu esse nitro. Não para que se façam a respeito, cuidadosas pesquizas. misturado com algus grãos de areia côr de ouro, o qual sendo Julguei, porém, útil inserir aqui o itinerário que recebi do nosso compatriota Guilherme Ghmmerío. Conta elle que no tempo em que residia na Capitania de S. Vicente, da Capitania da Èahia viera ter áquellas paragens Franciseo de Souza ; tinha, porém, recebido de um Braziliense qualquer certo metal, tirado, como dizia, dos montes Sabaroason, de côr azulada ou celeste, 
Tendo nós partido da villa de S. Paulo, na capitania de S. examinado por mineiros, veríficou-se que em um quintal continha trinta marcos de prata pura. Attrahido por este engodo, o Governador julgando que esses montes e essas minas deviam ser mais diligentemente exploradas, resolveu mandar para lá setenta ou oitenta homens, entre Brazilienses e Portuguezes. Partindo com elles o nosso Glimmerío, assim descreveu a sua viagem. um riacho que nasce nos montes Guarimunis ou Marumininis, Vicente, chegámos primeiro a colónia (aldeia) de S. Miguel, (que dista cinco ou seis léguas da precedente, para o oriente) e á margem do rio ÂnJiembi, e lá encontrámos promptos os mantimentos, que os selvagens tinham de carregar ás costas. Depois atravessámos aquelle rio, e após quatro ou cinco dias de viagem a pé, por entre cerrados bosques, avançámos para o norte, até onde ha minas de ouro. o Aiihembi do lado sul da mesma) e correndo para o occidente Aqui, tendo construído algumas canoas, de cascas de arvore, descemos por esse segundo riosinho cinco ou seis dias, e entrá- mos em um rio maior que desce do lado do occidente. Aquelle Srimeiro riacho se deslisa pelo meio de campos baixos e alaga- os, de lindíssimo aspecto. Tendo descido por espaço de dois dias este segundo maior, entrámos num rio ainda muito maior que nasce no lado norte da serra de Paranapiacaba (assim como — 234 — corre impetuosamente para o oriente: por esse motivo aqui sub- segundo a primeira direcção dos montes, depois formando um cotovello, se dirige em certa extensão para o norte, e finalmente, como vulgarmente se pensa, se lança no oceano, entre o Cabo Frio e a Capitania da Espirito Santo, abundantíssimo tanto de peixes grandes, como pequenos: dão-lhe o nome de rio dos tíorobis. Descendo também este por uns quinze ou dezeseis dias, chegámos a Cachoeira, onde o rio apertado por montes elevados, mergimos as nossas canoas, e de novo emprehen demos a viagem elle quer fliar da arvore da tfapucaia\ encontram-se arvores a pé, até outro rio, que vem do occidente, e que não é navegável; em cinco ou seis dias chegámos a uma serra elevadissima, transposta a qual descemos a campos dilatadíssimos, ensombrados, também aqui o alli por bosques, nos quaes se vêm lindíssimos pinheiros, que produzem fuctos do tamanho de uma cabeça humana, cujas nozes têm a grossura do dedo médio, re- vestem-se de casca como a das castanhas, são de sabor delicado e fornecem excellente alimento, (estou quasi acreditando que ■desta espécie muitas milhas pelo sertão a dentro. Depois em occidente. três dias chegámos a um rio que desce do oriente, passando o qual, durante quatorze dias nos dirigimos para o noroeste, pelo meio de largos campos e de collinas despidas de arvores ta outro rio navegável, e que vem do norte ; atravessámos este em embarcações, a que chamam — Jangadas; e com um intervallo de quatro ou cinco léguas, encontrámos outro rio navegável, que corre quasi do norte. Creio, porém, que estes três rios finalmente se reúnem no mesmo leito e se lançam no Paraguai], por este fundamento, porque se inclinam para o Africo ou para o estava acabado o que comnosco havíamos trazido, e já algumas Mas em toda aquella jornada que até aqui descrevemos, nenhum terreno cultivado avistámos, não encontrámos viva alma, unicamente aqui e alli algumas ruinas de aldeias, nada de viveres, a não ser a grama e alguns fruetos silvestres. Observámos com tudo algumas vezes a fumaça que se levan- tava, visto que por estes sertões vagueiam alguns bárbaros, com suas mulheres e filhos, sem habitação fixa, comendo do que en— -contram, sem nenhuma preoceupação de cultura. Finalmente, junto deste ultimo rio, dêmos com uma aldeia de indígenas, e .abundância de mantimentos, coisa muito a propósito, visto que alma, porém soubemos que além dos montes habitava uma nação vezes fôramos obrigados a matar a fome com fruetos silvestres ou com hervas do campo. — 235 — 
Demorando-nos alli quasi um mez inteiro, e tendo feito provisão de viveres, afinal rompemos a marcha para o noroeste, e passado um mez, sem que nenhum rio encontrássemos, chegámos a uma estrada larga e batida, e a dois rios de diffcrentes volumes de agua, que correndo do occidente por entre as montanhas de tèabaroasíi com difficuldade rompem para o norte ; sou de opinião que são estas as fontes ou cabeceiras do rio S. Francisco. Da supradicta aldeia até estes rios, não encontrámos viva barbara, muito populosa; os quaes informados (não sei por que nas canoas, e, aguas acima, nos arrastámos até as nascentes do meio) da chegaaa destes Europeus, mandaram um delles, para nos observar. Este havendo— se encontrado com os nossos, dahi resultou que, de medo desses bárbaros e por escassez de provisões apressámo-nos a voltar pelo mesmo caminho, nem tendo explorado a mina, para cujo fim tinhamos sido enviados, e quasi mortos de fome chegámos áquella aldeia de bárbaros. Assim que se restauraram as nossas forças e que obtivemos algum mantimento, voltámos, pelo mesmo caminho pelo qual tínhamos ido, para aquelle rio onde tinhamos submergido as canoas; e achando-nos mais fortalecidos, embarcámo-nos outra vez rio; e assim, tendo gasto nove mezes nesta expedição, chegámos primeiro a Mogomimin, e depois a villa de S. Paulo. Mas voltemos ao nosso assumpto, logo que isto considerarmos, não parecerá verosimil que estas possam ser as nascentes do rio S. Francisco, porquanto si calcularmos accuradamente veremos que ellas não parecem ter se estendido até o norte, para poderem chegar a sua profundidade ; e sou de opinião que penetra muito longe pelo continente a dentro.
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Fonte:
"Revista do Instituto histórico e geográfico de São Paulohttp://migre.me/vzv5J (pesquisa realizada em 24 de Novembro de 2016.
Nota:
a) ".....dão-lhe o nome de rio dos tíorobis": O rio em questão é o Rio Paraiba.
b) ".... chegámos a Cachoeira, onde o rio apertado por montes elevados": Em Guaratinguetá, temos o trecho mais estreito do Vale do Paraiba, a partir de onde o rio forma as cachoeiras dando causa a grande dificuldade no que diz respeito a navegação. Assim sendo o limite de navegabilidade era Cachoeira Grande (Guaipacaré).
c) "....a pé, até outro rio, que vem do occidente, e que não é navegável": Estamos falando do afluente do rio Paraiba, o ribeiro da Limeira.
d) "......em cinco ou seis dias chegámos a uma serra elevadissima," : A Serra em questão é a Serra de Jaguamimbaba (Mantiqueira), 
e) ".....transposta a qual descemos a campos dilatadíssimos, ensombrados, também aqui o alli por bosques, nos quaes se vêm lindíssimos pinheiros,"; O ponto de transposição da crista da Serra da Mantiqueira, cuja toponímia em cartografia atual é "Alto da Serra", Garganta do Sapucai, desfiladeiro de Itajubá, Caminho dos Paulistas, Estrada Real do Sertão, espaço colonial de Piquete-SP. Quando então entra-se pela região dos Pinheiros, território Mineiro, correspondente a antiga Soledade de Itajubá, hoje Marmelópolis-MG.
f)"....Creio, porém, que estes três rios finalmente se reúnem no mesmo leito e se lançam no Paraguai": Os três rios, entre os quais, o rio Verde, que em um primeiro momento corre sentido Norte/Sul, soma se ao Rio Sapucai, e Rio Lourenço velho. Esses rios juntando-se ao Rio Grande, desaguam no Paranaíba, esse ultimo tributário do Parana, que juntamente com o Paraguai e outros forma a Bacia do Prata. 
g) "... voltámos, pelo mesmo caminho pelo qual tínhamos ido, para aquelle rio onde tinhamos submergido as canoas"; Aquele rio é o rio Paraiba, e a canos estavam submergida na região do Guaipacaré.
h) ".... e achando-nos mais fortalecidos, embarcámo-nos outra vez rio"; Neste caso navegando em sentido contrario em direção a São Paulo.
i) "...e assim, tendo gasto nove mezes nesta expedição, chegámos primeiro a Mogomimin, e depois a villa de S. Paulo": Ou seja, chegaram a Mogi das Cruzes e depois a Vila de São Paulo.
O ponto de transposição da crista da Serra da Mantiqueira, cuja toponímia em cartografia, como neste mapa de 1776 são "Alto da Serra", entre outras; Garganta do Sapucai, desfiladeiro de Itajubá, Caminho dos Paulistas, Estrada Real do Sertão. Espaço colonial de Piquete-SP. Quando então entra-se pela região dos Pinheiros, território Mineiro, correspondente a antiga Soledade de Itajubá, hoje Marmelópolis-MG,  em demanda do Morro Caxambu.

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...