domingo, 6 de junho de 2010

INDULGÊNCIA E FÉ NA ADORAÇÃO PERENE AO SANTISSIMO SACRAMENTO NO CAMINHO DO OURO EM PIQUETE


Esse ano excepcionalmente, não fui a Piquete assistir a celebração de Corpus Christi que não obstante a certo arrefecimento, vem se mantendo viva. Essa celebração nos últimos tempos na minha cidade, inicia-se na Igreja de São José, localizada na rua onde nasci e vivenciada como um grande evento religioso. Porém,  até então, representava algo que transpunha a minha capacidade de entendimento na condição de leigo.
Entretanto, aproveitando o fim de semana para dedicar às minhas pesquisas passeei a examinar a publicação:  (Documentos Avulsos de Interesse para a Historia e Costume e São Paulo Vol. I de 1952), quando então, deparei na pág. 122/123 com um “REGIMENTO, PARA OS CONFEDERADOS NA ADORAÇÃO PERENE DO SANTISSIMO SACRAVMENTO, INSTITUIDA NA BAHIA DE TODOS OS SANTOS METROPOLIS DO BRASIL. Como parte do referido documento consta ainda as “Regras que hão de guardar os Confederados” escrito no Colégio de Santos, datado de 15 de Novembro de 1755, assinado por Inácio Antunez.(1)
Precisei dar um tempo para entender que tinha em mãos um documento que recompunha mais um das lacunas perdidas da História de Piquete, pois, esclarecia a origem da irmandade de adoração perene ao Santíssimo Sacramento, ou seja, a irmandade da Boa Morte no Brasil, que não obstante ao sincretismo, tinha uma origem Oficial.
Constatei que, o dia de Corpus Christi, incluía-se como uma das indulgencias, quando do reconhecimento da irmandade dessa adoração pela mais alta autoridade da igreja em 1694.
Posso afirmar a partir de então que Piquete, não é tão somente o caminho original do ouro, mas um núcleo de devoção perene ao Santíssimo Sacramento, manifestado nas mais diversas indulgencias, permanentemente praticadas, como exemplo; a da caridade, do jejum, da peregrinação etc.(2)
Práticas essas vivenciadas de modo intenso, pelas diversas irmandades, as quais se revelam plenamente coincidentes com a devoção e invocação a BOA MORTE.
Em conclusão, a doação feita por Bento Rodrigues Caldeira e outros, em suas roças em 1705, pela qual se caminhava por 03 dias, para se chegar ao pé da serra, não restando dúvida que nela estava contido o núcleo embrião de Piquete, para construção dedicada a Nossa Senhora da Piedade, em que a mãe santíssima aparece com o cadáver do Filho divino no colo, revela sua adoração perene ao Santíssimo Sacramento, perpetuada no tempo. (3)
O Regimento inicia-se com a seguinte explicação:
“No ano de 1693, continuando nesta cidade da Bahia o estrago das doenças a que chamarão Bicha, um Religioso, da Companhia de Jesus tratou de instituir para remédio de tanto mal, e publicou do púlpito sua Adoração perpetua, ou Laus perene por todas as horas do dia e noite em honra do Senhor Sacramentado. Concorreram logo muitos Fieis Religiosos e seculares, assentando seus nomes em um livro e levando em um papelinhos determinado o mês, dia e hora, em que cada um havia de estar em oração do modo que adiante se dirá”
Esclarece o regimento que a devoção passou a ser praticada com admirável freqüência de confissão e comunhão que a força da doença foi se aplacando até se acabar (grifo meu)
Por conseguinte a adoração perene ao Santíssimo Sacramento teve a aprovação de Roma, advinda não só do Proposto Geral da Companhia de Jesus, mas especialmente do santíssimo Papa Inncencio XII com dois Breves. O primeiro dizia respeito a concessão de um Altar privilegiado que era o do Santo Cristo na Igreja do Colégio.
O segundo breves, tratava sucessivamente das seguintes indulgencias: a) plenárias, seja, “o sacramento da Penitência e da Reconciliação” a serem realizadas nas primeiras horas de devoção; b) No dia de Corpus Christi deveriam os irmãos dessa adoração, visitar a sobredita capela; c) Na hora da morte deveriam os irmãos dessa devoção invocar o Santíssimo nome de Jesus.
Entre outras indulgência levadas em consideração pelos irmãos da devoção, o então Ilustríssimo Senhor D. João Franco de Oliveira, arcebispo da Bahia foi servido acrescentar quarenta dias a cada irmão no dia em que lhe cabe a sua hora, qualquer vez que o fizerem ganham cem dias de perdão (grifo meu). Colégio de Santos, 15 de Novembro de 1755. Ignácio Antunez.
(1) Documentos Avulsos, de interesse para a História e Costume de São Paulo, Departamento do Arquivo do Estado de São Paulo Vol. I, 1952 pág. 122/123.
(2) http://migre.me/MiG5
(3) http://migre.me/MjYE

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

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