domingo, 28 de agosto de 2011

Transcrição - Revista Brasileira de História André Figueiredo Rodrigues História Social / FFLCH/USP

 A história de Minas Gerais, na sua origem, é a história das catas de ouro e faiscação de diamantes pelos ribeirões e córregos que cortavam a região montanhosa dos matos gerais dos índios cataguás.
Desde o primeiro século após o descobrimento do Brasil, várias entradas foram feitas naquelas paragens: pelo Norte, vindos da Bahia; pelo Leste, do Espírito Santo; e pelo Sul, oriundas do Rio de Janeiro e principalmente de São Paulo. Nenhuma dessas incursões que andavam em busca de riquezas minerais ou caçando indígenas promoveram o povoamento do território. Pelo contrário, esta última atividade concorreu para o seu despovoamento com o deslocamento dos silvícolas aprisionados como escravos para as fazendas de São Paulo ou para as de criação de gado e/ou engenhos do Nordeste açucareiro.
A ocupação do território mineiro começou com a bandeira de Fernão Dias Paes, no último quartel do século XVII. O bandeirante, partindo de São Paulo, rumou sentido Norte em busca de esmeraldas. Apesar de ter achado turmalinas, nunca encontrou as esmeraldas que tanto procurou, a não ser em seus delírios de febre, que o fizeram "ver a serra resplandecente". Seu sonho, porém, levou aos primeiros achados auríferos e deu origem às próprias Minas Gerais.
A partir de 1674, com a "bandeira das esmeraldas", tiveram início as primeiras manifestações do povoamento por europeus e seus descendentes da atual área do Estado de Minas Gerais, sendo então fundados os primeiros núcleos de aldeamento e a abertura de caminhos que, com suas paragens e roças, permitiram aos viandantes descansar e conseguir alimentos e víveres para sua manutenção no ir-e-vir pelos sertões e brenhas então desconhecidos.
Somente na última década do seiscentos, com a descoberta de ouro por Antônio Rodrigues Arzão nos sertões do rio Casca (1692), teve início o verdadeiro povoamento de Minas Gerais1.
Nos últimos anos do século XVII começou a corrida do ouro para as minas. Em pouco tempo, os descobertos auríferos foram se enchendo de gente de toda parte, sobretudo da Bahia e do Rio de Janeiro, que eram as regiões mais populosas da América portuguesa naquela época, e também de Portugal. Em poucos anos, no território até então habitado por indígenas passaram a viver pessoas das mais diversas origens e procedências.
Os caminhos encheram-se de sertanistas e aventureiros, acendendo a cobiça geral de homens de todos os estamentos e profissões pela riqueza propiciada na extração aurífera. Houve um verdadeiro rush desenfreado e indisciplinado, como não se vira na história americana até aquele momento.
Surgiram da noite para o dia povoados ao longo de caminhos sinuosos ou junto às datas de mineração, destacando-se as vilas do ouro (Mariana, Ouro Preto, Sabará, São João del Rei, Caeté, Pitangui, Serro Frio e São José del Rei). Para abastecer essas aglomerações, desenvolveu-se uma intensa rede comercial, com produtos de primeira necessidade e artigos de luxo trazidos da região portuária do Rio de Janeiro e de outras capitanias, como São Paulo, Bahia, Pernambuco e Rio Grande (do Sul). Além da existência, desde os primeiros anos das Minas, de roças e paragens que se dedicavam à produção e escoamento de produtos agrícolas (alimentos e bebidas — notadamente aguardente), pastoris (bois, vacas e ovelhas) e têxteis (tecidos grosseiros), direcionados ao abastecimento interno da capitania mineira2.
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GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

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