A história de Minas
Gerais, na sua origem, é a história das catas de ouro e faiscação de
diamantes pelos ribeirões e córregos que cortavam a região montanhosa
dos matos gerais dos índios cataguás.
Desde
o primeiro século após o descobrimento do Brasil, várias entradas
foram feitas naquelas paragens: pelo Norte, vindos da Bahia; pelo
Leste, do Espírito Santo; e pelo Sul, oriundas do Rio de Janeiro e
principalmente de São Paulo. Nenhuma dessas incursões que andavam em
busca de riquezas minerais ou caçando indígenas promoveram o
povoamento do território. Pelo contrário, esta última atividade
concorreu para o seu despovoamento com o deslocamento dos silvícolas
aprisionados como escravos para as fazendas de São Paulo ou para as
de criação de gado e/ou engenhos do Nordeste açucareiro.
A
ocupação do território mineiro começou com a bandeira de Fernão Dias
Paes, no último quartel do século XVII. O bandeirante, partindo de
São Paulo, rumou sentido Norte em busca de esmeraldas. Apesar de ter
achado turmalinas, nunca encontrou as esmeraldas que tanto procurou, a
não ser em seus delírios de febre, que o fizeram "ver a serra
resplandecente". Seu sonho, porém, levou aos primeiros achados
auríferos e deu origem às próprias Minas Gerais.
A
partir de 1674, com a "bandeira das esmeraldas", tiveram início as
primeiras manifestações do povoamento por europeus e seus
descendentes da atual área do Estado de Minas Gerais, sendo então
fundados os primeiros núcleos de aldeamento e a abertura de caminhos
que, com suas paragens e roças, permitiram aos viandantes descansar e
conseguir alimentos e víveres para sua manutenção no ir-e-vir pelos
sertões e brenhas então desconhecidos.
Somente
na última década do seiscentos, com a descoberta de ouro por Antônio
Rodrigues Arzão nos sertões do rio Casca (1692), teve início o
verdadeiro povoamento de Minas Gerais1.
Nos
últimos anos do século XVII começou a corrida do ouro para as minas.
Em pouco tempo, os descobertos auríferos foram se enchendo de gente
de toda parte, sobretudo da Bahia e do Rio de Janeiro, que eram as
regiões mais populosas da América portuguesa naquela época, e também
de Portugal. Em poucos anos, no território até então habitado por
indígenas passaram a viver pessoas das mais diversas origens e
procedências.
Os
caminhos encheram-se de sertanistas e aventureiros, acendendo a
cobiça geral de homens de todos os estamentos e profissões pela
riqueza propiciada na extração aurífera. Houve um verdadeiro rush desenfreado e indisciplinado, como não se vira na história americana até aquele momento.
Surgiram
da noite para o dia povoados ao longo de caminhos sinuosos ou junto
às datas de mineração, destacando-se as vilas do ouro (Mariana, Ouro
Preto, Sabará, São João del Rei, Caeté, Pitangui, Serro Frio e São
José del Rei). Para abastecer essas aglomerações, desenvolveu-se uma
intensa rede comercial, com produtos de primeira necessidade e
artigos de luxo trazidos da região portuária do Rio de Janeiro e de
outras capitanias, como São Paulo, Bahia, Pernambuco e Rio Grande (do
Sul). Além da existência, desde os primeiros anos das Minas, de
roças e paragens que se dedicavam à produção e escoamento de produtos
agrícolas (alimentos e bebidas — notadamente aguardente), pastoris
(bois, vacas e ovelhas) e têxteis (tecidos grosseiros), direcionados
ao abastecimento interno da capitania mineira2.
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