Quando Sr. Geoffrey Elton faleceu em dezembro de 1994, os obituários naturalmente ressaltaram suas contribuições para a História da Inglaterra do período Tudor. Seu nome será para sempre identificado com os Tudor e seus inúmeros manuais, monografias e textos sobre a Inglaterra pré-moderna devem certamente figurar como uma das maiores conquistas no trabalho histórico. Mas Elton deixou um outro legado igualmente importante: uma vigorosa defesa da história tradicional, narrativa – história como a reconstrução e o contar de histórias sobre experiências humanas passadas, ações, reflexões e aspirações. A primeira e mais famosa incursão de Elton pela Filosofia da História foi The Practice of History1 – um manifesto, disse ele, partindo de suas experiências no estudo, escrita e ensino de História. Seu trabalho seguinte foi Political History: Principles and Practice2, no qual ele argumentou a favor da centralidade e da importância da ação política no estudo do passado e desenvolveu profundamente seus conceitos sobre a natureza da explicação histórica. Em Which Road to the Past?3 ele debateu o mérito da história “tradicional” versus a “científica” com o historiador econômico norte-americano Robert Fogel. Posteriormente, veio o estudo de seu herói, o grande historiador legal vitoriano F. W. Maitland4 e, finalmente, Return to Essentials: Some Reflections on the Present State of Historical Study5 – uma reafirmação de sua fé nestas “convicções e práticas fora de moda” que formam seu trabalho. Elton apresentou seus textos sobre a natureza e métodos da história não como filosofia, mas como uma descrição do que historiadores ativos como ele faziam. Para fazer tal exposição de maneira coerente e convincente era necessário explicar e defender os pressupostos fundamentais que embasavam práticas tradicionais da disciplina. O resultado cumulativo dos esforços de Elton foi uma persistente defesa do que pode ser chamado de exposição das ações humanas no passado: a visão de que a história não era o resultado de estruturas sociais, forças objetivas ou (como argumentam alguns pós-modernos) discursos linguísticos, mas de agentes humanos autônomos, e que, para explicar e compreender opassado, os historiadores devem gerar uma exposição das ações destes agentes em seuspróprios termos, como eles foram vividos e desenvolvidos naquela época.A visão de Elton sobre a natureza e o estudo da história tinha um ponto de partida simples: no passado, haviam pessoas como nós, seres racionais dotados de pensamentos, sentimentos, ambições, preocupações e problemas. Estas pessoas viveram e fizeram escolhas e seus atos produziram os eventos, efeitos, criações e resultados que formam a história. Quando as pessoas agiam, praticavam suas vontades e faziam escolhas no passado, elas forjavam seu futuro e criavam nosso presente. A história era para Elton explicável, mas as variedades, complexidades e surpresas da razão e pensamento humano em diversas situações fizeram dela algo imprevisível.Elton estava acima de tudo preocupado em afirmar a responsabilidade por parte daqueles que estudam o passado em reconhecer sua humanidade: “O reconhecimento de que, em todo momento passado o futuro era essencialmente imprevisível e sujeito a escolhas humanas, encontra-se no centro de um estudo que respeita o passado e lhe permite vida própria. Se homens (e mulheres) são tratados como desprovidos de escolha, sua razão é destruída; o produto é uma história que deshumaniza a humanidade.”No conceito de história de Elton, uma história da existência e de atividades humanas,havia pouco espaço para aquelas forças de grande escala, tendências, estruturas e padrões quecientistas sociais gostam. Tudo na história – os eventos do passado – acontece para e por meio das pessoas. Categorias sociológicas podem ser úteis anotações descritivas de movimentos e resultados, mas continuam sendo abstrações incapazes de explicar ações e eventos específicos – os detalhes e particularidades de acontecimentos no passado criados por pessoas reais fazendo algo. “A história lida com as atividades dos homens, não com bstrações,” escreveu Elton.
.............................................................................................................. Informações sobre a Transcrção em nota de roda pé: * Texto gentilmente cedido pelo autor. Inicialmente publicado em Chronicon 2, UCC, 1997, e também em The Historian, no 57, Primavera de 1998. Disponível em www.ucc.ie/chronicon/elton.htm
** Departamento de História, University College, Cork, Irlanda. E-mail: g.roberts@ucc.ie Em Tempo de Histórias - Publicação do Programa de Pós-Graduação em História PPG-HIS/UnB, n.11, Brasília, 2007
Nota: Nesse exercicio de passar a limpo a História de minha comunidade, diante da inconstrastável certeza de que somos tradados como desprovidos de escolha, tenho esbarrado com atitudes dotadas de supostas boas intenções no sentido que: "o Brasil é uma maravilha, aqui não existe racismo!" Quem ousa proferir tais discursos, acretida que a história foi capaz de destruir a razão de seu ouvinte. Entretanto, quando questionado sobre a equivocada visão, sente-se pertubado, como se não merecesse ser contrariado vendo na contradita, uma ação de petulância, diante de uma simples questão de escolha de alguém que pensa. O povo negro tem engolido muito sapo mas, Jacaré não passa! Pelo amor de Deus!!!! .*"Pessoas que nunca tiveram voz ou poder na vida poderão presumir que é melhor seguir o que os outros pensam, concordem ou não". Até quando?
*Obs: frase tirada da obra de Pranis, Kay, Processo Circulares, Teoria e Prática, Ed. Palas Athena, Capitulo 10, Os Círculos em Perspctiva, pag 87.
*Obs: frase tirada da obra de Pranis, Kay, Processo Circulares, Teoria e Prática, Ed. Palas Athena, Capitulo 10, Os Círculos em Perspctiva, pag 87.