sábado, 7 de janeiro de 2012

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO (Transcrição)

CAPÍTULO I
AS MINAS GERAIS
Entradas e Bandeiras aos Sertões
Desde o início da Colonização, organizaram-se expe-dições para o interior da terra brasileira. Estas expedições e-ram oficiais e se chamavam Entradas. Por serem oficiais - tinham o apoio ou a iniciativa do próprio governo - não ultra-passavam a linha  imaginária de Tordesilhas. Àquela época, dois terços das terras do Brasil de hoje pertenciam à Espanha. As mais conhecidas entradas foram as de Américo Vespúcio e de Antônio Dias Adorno5. Sobre a região em estudo, destacam-se: A Entrada de André Leão que, em 1601 (governo espanhol), a mando do governador dom Francisco de Souza, tentou  encontrar as minas de prata. Por nove meses percorreu o interior de São Paulo, cruzou o rio Paraíba(6), subiu a serra da Mantiqueira e atingiu as cabeceiras(7) do rio São Francisco. Em tal expedição não se descobriram as minas de prata, mas se abriu caminho a novas expedições. A Bandeira de Belchior Dias Carneiro saiu em 1606 (governo espanhol) e, por dois anos, andou pelo sertão. Em 1608, falecido o chefe Belchior, o comando foi passado a An-tônio Raposo, o Velho, que regressou a São Paulo, em 1609, com apenas uma parte do contingente. As Bandeiras eram particulares e não respeitavam a linha de  Tordesilhas. Os bandeirantes, no período em que Portugal ficou sob o domínio de Espanha, 1580 a 1640, aprovei-taram para conquistar os dois terços de nossa terra que, então, pertenciam à Espanha. A maioria das Bandeiras partia de São Paulo e de ou-tras localidades vizinhas, a exemplo de Taubaté, Itu, Soroca-ba, Porto Feliz etc. Cada Bandeira era uma verdadeira cidade ambulante, composta do capitão, que era o chefe, dos mamelucos (mestiços de índio e branco) que eram bons guias e pro-fundos conhecedores das matas, índios mansos (carijós), mu-latos e negros, além de padres, mulheres e até crianças. Essas cidades ambulantes, algumas compostas de milhares de pessoas, deslocavam-se principalmente a partir dos rios Tietê8, Paraíba, Paraná etc. A rudeza da vida, os ataques de índios e de animais ferozes, além das doenças e da fome,  ceifavam muitas e muitas vidas, dizimando as Bandeiras. Apesar disto, penetraram milhares de quilômetros no interior do Brasil, atingindo terras espanholas que mais tarde viriam a ser incorporadas ao nosso território. Ao libertar-se do domínio espanhol, em 1640, Portugal estava na miséria. Precisava achar ouro e outras riquezas em suas colônias para recuperar as finanças reais. Caso houvesse ouro no Brasil, quem estaria mais apto para encontrá-lo, sem dúvida, seriam os bandeirantes paulistas que sempre moraram na boca da mata, no Planalto do Piratininga. O perfil desse brasileiro do Piratininga, chamado de “paulista”, apesar do muito que já se escreveu sobre ele, me-rece destaque nos seguintes aspectos: a) - a vila de São Paulo desenvolveu-se mais no período em que Portugal esteve sob o domínio de Espanha – 1580/1640. b) - A Vila surge e se de-senvolve à sombra de um colégio jesuíta que, além da língua oficial (espanhol e português no período de 1580 a 1640), en-sinava com muita ênfase, também, a língua geral9; c) portanto, os paulistas do povo10 não falavam a língua portuguesa e sim a língua geral, um misto de tupi-guarani com espanhol e por-tuguês. Apenas a nobreza paulista sabia falar bem e escrever em português11. A mais bela e lírica obra literária que há sobre a Epopéia bandeirante continua sendo a de Paulo Setúbal12; relatos documentados, há vários, destacando-se a obra de Afonso E. Taunay. Os novos reis de Portugal, agora da dinastia de Bragança, prometeram aos paulistas que lhes dariam muitas recom-pensas e honrarias, caso descobrissem minérios preciosos nos sertões. Os paulistas foram à luta; agora, não mais para  escra-vizar índios, mas à busca de ouro e pedras preciosas13. Em 1674 teve início a Bandeira de Fernão Dias Pais Leme que partiu de São Paulo à procura de esmeraldas. Du-rante cerca de sete anos percorreu quase todo o interior de Minas Gerais. Fernão Dias contou com a ajuda de Borba Gato, seu genro, Matias Cardoso de Almeida e Francisco Pires Ribeiro, entre outros. Após ter mandado instalar entrepostos pelo caminho, casas, roças, criações de animais etc. - a Bandeira partiu levando 40 homens e quatro tropas. Fernão Dias acabou, como se sabe, morrendo às margens do rio das Velhas, pensando ter encontrado as esmeraldas, quando o que encontrou foram apenas turmalinas. Sua Bandeira, sem dúvida, foi a mais  importante porque, povoando caminhos e plantando roças,  permitiu, efetivamente, a exploração do interior de Minas Gerais14.
Obs: Nota 6: Altura de Taubaté, Guaratinguetá - página 17.  
Obs: Nota 7:  Ou sejam, as nascentes; no caso, a serra da Canastra.       

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...