Por ordem de D. Brás Baltazar da Silveira, governador e capitão-general de Minas Gerais e de São Paulo1, datada de 6 de agosto de 1714, as Câmaras de Vila Rica, Vila Real e N. S. do Carmo (atual Mariana), fixaram as suas respectivas divisas com S. João del Rei, ficando o limite desta última, com Guaratinguetá, pela Serra da Mantiqueira2. Sendo o termo assinado pelo governador das duas capitanias, constituía ato acabado e legal. Mas em setembro daquele mesmo ano a Câmara de Guaratinguetá praticou ato que poderia ser considerado nulo, indo colocar um marco divisório no morro do Caxambu, nas proximidades de Baependi3. Em época não identificada, mas provavelmente pouco depois, a Câmara de S. João del Rei destruiu esse marco e colocou outro no alto da Serra da Mantiqueira. Pelo alvará régio de 2 de dezembro de 1720, D. João V dividiu em dois o governo de São Paulo e Minas, para que um governador residisse nas Gerais e o outro em São Paulo, com toda a marinha inclusive e, quanto aos limites, ficaram sendo, no sertão, os que tinha a Comarca e Ouvidoria de São Paulo com a Comarca e Ouvidoria do Rio das Mortes4. O primeiro governador e capitão-general de São Paulo, depois da divisão e também o primeiro a residir em nossa capital, foi D. Rodrigo Cesar de Menezes, que tomou posse em 5 de abril de 17215. Os governadores das capitanias reunidas tinham a faculdade de escolher o local de sua residência e até então haviam-se estabelecido em Vila Rica (atual Ouro Preto), por motivos puramente fiscais. Sucedeu-lhe Antônio da Silva Caldeira Pimentel, que tomou posse no dia 15 de agosto de 17276. A Câmara Municipal de Guaratinguetá ambicionava o território até o Morro do Caxambu e, em 1731, obteve, por meio de uma representação de Caldeira Pimentel, parcial satisfação dos seus desejos, com a expedição da provisão régia de 23 de fevereiro desse ano, mandando repartir com mais igualdade o território entre as duas vilas e dizendo que o governador da Capitania de São Paulo “se alargasse para os montes que ficam entre a vila de Guaratinguetá e Rio das Mortes”7. A Provisão de 23 de fevereiro de 1731 ordenava que o governador de Minas devia entender-se com o de São Paulo, ajustando os “limites que por esta devem ter um e outro governo e me dareis conta para aprovar se me parecer, declarando a distância de uma e outra parte: se naquela parte se acha alguma serra ou rio que possa servir de demarcação entre os dois governos”8. Quais eram essas divisas? Autos de posse efetuados por Minas Gerais9 nos dão conta de que os próprios mineiros consideravam as raias como sendo pelo rio Sapucaí10. No auto de ratificação de posse do arraial de Santo Antônio do Val da Campanha do Rio Verde (atual Campanha), lavrado a 25 de fevereiro de 1743, afirmam os oficiais da Câmara de São João D’El Rei “estarem há muitos anos de posse não só do mesmo arraial e de seus distritos, mas ainda de todos os sertões até o rio Sapucaí, e há muitos anos sem contradição alguma, e pela estrada geral que vai deste distrito para a cidade de São Paulo até o alto da serra chamada de Mantiqueira”11. As minas de Campanha foram descobertas em 1720 e a freguezia criada em 1724.
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