(Transcrição) CAPÍTULO 1 – A GEOGRAFIA DO RIO SÃO FRANCISCO NO SERTÃO NORTE MINEIRO
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No Século do descobrimento do Brasil, a Coroa Portuguesa demonstrou interesse por investigar e documentar o rio São Francisco. A primeira exploração às suas margens aconteceu em 1553 e assim originaram-se os primeiros estudos descritivos sobre o Rio. Estudos técnicos e abrangentes aconteceram somente em meados do século XIX. A mando de Dom Pedro II, o engenheiro francês Emmanuel Liais estudou as possibilidades da navegação das nascentes até a corredeira de Pirapora. (pág 28)
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• Alto Médio São Francisco: Estende-se da nascente até a cidade mineira de Pirapora, abrangendo as sub-bacias dos rios das Velhas, Pará, Indaiá, além das sub-bacias dos rios Abaeté a oeste, e Jequitaí a leste que conformam seu limite. Situa-se em Minas Gerais, abrangendo a Usina hidrelétrica de Três Marias e apresenta topografia ligeiramente acidentada, com serras e terrenos ondulados e altitudes de 1600m a 600m. O divisor leste é formado pelas montanhas da Serra do Espinhaço, com altitudes de 1300m a 1000m. Do lado oeste destaca-se a Serra Geral, cujas cotas oscilam entre 1200m e 800m. Sobressaem ainda, os escalonamentos de superfícies de erosão até a Depressão San Franciscana, em direção à calha do rio e dos principais afluentes, cuja cota, em Pirapora, é de cerca de 450m. A vegetação é constituída de florestas e cerrado. É uma região de muitas chuvas (de 1500 a 1.000 mm anuais) no verão, que caem de novembro a abril. A temperatura média anual é de 23º. As diversas características climáticas classificam a região como tropical úmida, sendo que em algumas partes é temperada. • Médio São Francisco: entre Pirapora e Remanso-BA incluindo as sub-bacias do afluente Pilão Arcado a oeste, e do Jacaré a leste. Além dessas, há as sub-bacias dos rios Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Corrente, Grande, Verde Grande e Paramirim, situados nos Estados de Minas e Bahia. Suas condições climáticas vão se tornando mais características de uma região tropical semiárida. Sua altitude varia de 2000 a 500 m e é onde se localizam as planícies eluvio-coluvio-aluviais da Depressão San Franciscana. A temperatura média anual é de 24ºC, e a evaporação é de 2.900mm anuais. As chuvas caem de novembro a abril com precipitação média anual entre 1400mm a 600mm. A Vegetação é do tipo Cerrado e Caatinga. A margem esquerda do São Francisco é bem mais úmida, com rios permanentes e vegetação perenifólia. Na margem direita, a precipitação é menor, os rios são intermitentes e a vegetação é típica de caatinga.
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Nota: Parafraseando; D. Francisco de Souza 7.º governador da Capitania de São Vicente, após o insucesso de uma expedição cuja a entrada se deu a partir da Bahia em busca das minas famosas que se supunham situadas no Rio S. Francisco tomou conhecimento:
"Ao
mesmo tempo que, pelos roteiros, tivera conhecimento da
existência de minas de ouro e prata nas nascenças do Rio
S. Francisco, também tivera notícia certa e segura que, desde a vila
de S. Paulo, homens que resistiam às sezões e às onças, às
agruras e às asperezas das selvas, que guerreavam e venciam os
índios ferozes, faziam entradas ao sertão do alto
S. Francisco, já tendo tocado era alguns de seus afluentes. Esses
homens, partindo do Sul, seriam capazes de ir e chegar à
Lagoa Dourada e voltar depois de descobrir as afamadas minas." (http://migre.me/7FVRY)
Desta feita temos que:
"No
tempo em que, vindo da Bahia, d. Francisco de Souza,
esteve pela primeira vez em S. Paulo, aí vivia Guilherme
Glymmer, flamengo, que tomou parte em uma expedição ao sertão e que
dela fez uma descrição, que encontrou abrigo na obra de P.
Marcgrave – História Botânica do Brasil – nos termos
seguintes:" (http://migre.me/7FW1L).
Em conclusão quando destacamos da descrição de Guilherme Glymer, relativamente ao rio Sorobis, ou seja rio Paraiba do Sul temos:
"Descendo
também este rio, durante quinze ou dezesseis dias, chegamos a uma
catarata, onde o rio, apertado entre
montanhas alcantiladas, se despenha para o Nascente. Por
isso, abicamos neste ponto as nossas canoas e marchamos outra vez a
pé, ao longo de outro rio que desce do lado ocidental e
não se presta a navegação. Com cinco ou seis dias de marcha, chegamos
à raiz de um monte altíssimo...."
Quer-se dizer desta feita que, comprovadamente, a busca em demanda da serra resplandescente, serra das Vertentes ou seja, Alto São Francisco, deu-se pelo Sul, e quanto ao rio cuja nascente localiza-se no lado oeste, por do sol é o ribeiro da limeira, e a raiz do monte a que se refere é o Pico Meia Lua, acesso a Garganta do Sapucaí, as Minas de Itajubá, ao Alto Sapucaí, caminho também percorrido por João de Faria Fialho em 1694. Portanto a História do Sertão do Alto São Francisco passa pelo Núcleo Embrião de Piquete. Sendo certo que, passando pelo mesmo Núcleo necessariamente dava-se o acesso a Garganta do Embaú, pelas cinco serras altas, em conformidade com o roteiro de Andre João Antonil. Em conclusão, estamos no Caminho Geral do Sertão.