Depois que deixamos o capitão, fizemos uma canoa bem grande da casca de uma árvore e começamos a descer um rio chamado Jaguari (3). Uma semana depois chegamos a uma pequena aldeia de seis casas que parecia estar há muito desabitada. Abandonamos então nossa canoa e decidimos continuar o trajeto por terra. Nessa aldeia encontramos grande quantidade de vasos de cerâmica e, dentro de alguns, pepitas de ouro amarradas a linhas com as quais os índios costumam pescar. Também encontramos pedras verdes como grama e uma grande quantidade de pedras brancas e brilhantes como cristal. Muitas das pedras, no entanto, eram azuis e verdes, vermelhas e brancas, todas deslumbrantes de olhar. Quando vimos as pepitas de ouro e essas pedras, calculamos estar muito próximos de Potosí.(4) Rumamos então para sudoeste e subimos uma enorme montanha coberta de floresta.(5)
Origem do Mapa http://migre.me/8qh1Y
Nota:
3. No original “Janary”. Segundo Teodoro Sampaio, após abandonarem a canoa,
seguiram na confl uência do Jaguary com o Camanducaia, próximo à atual cidade
mineira de Santa Rita da Extrema.
4. Cálculo muito de acordo com a geografia da época, em que o sertão de São Paulo juntava-se ao Peru, a terra das fabulosas riquezas minerais.
5. Segundo Teodoro Sampaio, essa montanha seria o atual morro do Lopo, de 1.710
metros de altura, na divisa entre São Paulo e Minas.
Parafraseando: IDENTIFICAÇÃO DO ROTEIRO NO TERRENO: a) nota n.° 3 - Quanto ao trecho transcrito, faz-se necessário lembar que a conclusão no sentido que, o caminho percorrido após abandonar a canoa, ocorreu na localidade de um rio de nome Jaguary e sua confluência com Camanducaia, próximo a cidade de Extrema, resulta equivocada e superada. A assertiva encontra fundamento no estudo sobre o roteiro descrito por Guilherme Glymmer, por sugestão de Capistrano de Abreu, realizado por Orville Derby, não obstante incorrer este, em inúmeros equívocos esclarece qualquer dúvida que possa existir, quanto ao rio Jaquari em questão:
1) Fonte: http://migre.me/809vyParafraseando: IDENTIFICAÇÃO DO ROTEIRO NO TERRENO: a) nota n.° 3 - Quanto ao trecho transcrito, faz-se necessário lembar que a conclusão no sentido que, o caminho percorrido após abandonar a canoa, ocorreu na localidade de um rio de nome Jaguary e sua confluência com Camanducaia, próximo a cidade de Extrema, resulta equivocada e superada. A assertiva encontra fundamento no estudo sobre o roteiro descrito por Guilherme Glymmer, por sugestão de Capistrano de Abreu, realizado por Orville Derby, não obstante incorrer este, em inúmeros equívocos esclarece qualquer dúvida que possa existir, quanto ao rio Jaquari em questão:
"Os dois rios que deram acesso ao Parayba eram indubitavelmente o Paratehy e o Jaguary. A Serra de Guarimunis, ou Marumiminis, é a atualmente conhecida pelo nome de Itapety, perto de Mogy das Cruzes, sendo possível que estes nomes antigos ainda sejam conservados no uso local. A referência a minas de ouro nesta serra talvez seja um acréscimo na ocasião de redigir o roteiro; mas é certo que em 1601, havia, desde uns dez ou doze anos, mineração nas vizinhanças de S. Paulo, e que antes de 1633, quando foi publicada a edição latina da obra de João de Láet, em que vem a enumeração das minas paulistas, a houve na localidade aqui mencionada. A referência aos campos, ao longo do primeiro destes rios, é, talvez, um caso de confusão com os do Rio Paraíba, visto que, conforme informações dos ajudantes da Comissão Geográfica e Geológica, que ultimamente levantaram a planta do vale do Paratehy, ali não existem campos notáveis. O rio então conhecido pelo nome de Rio de Sorobis, bem que a sua identidade com o Parahyba do litoral já era suspeitada, foi alcançado na foz do Jaguary, em frente da atual cidade de São José dos Campos. Nota-se que, já nessa época, era conhecido o curso excêntrico do alto Parahyba. Depois de 15 ou 16 dias de viagem o rio foi abandonado no começo da seção encachoeirada, perto da atual cidade da Cachoeira, e a bandeira galgou a Serra da Mantiqueira, seguindo um pequena rio que, muito provavelmente, era o Passa Vinte, que desce da garganta que depois serviu para a passagem da estrada dos mineiros e hoje para a da estrada de ferro Minas e Rio. Passando o alto da Serra, a bandeira entrou na região dos pinheiros, que os naturalistas holandeses (que evidentemente não conheceram a Araucária, desconhecida no Norte do Brasil) julgaram, pela descrição de Glimmer, que eram Sapucaias.
b) nota 4 - Quando falamos do caminho percorrido em direção ao mar do sul, não estamos falando dos primeiros caminhos percorridos pelo sertão de São Paulo, em direção Paraguai, a partir do caminho geral do sertão, haja visto dos relatos de Alexandre Grymmer, ao se referir aos rios navegáveis na região do Alto Sapucaí, formadores da Bacia do Paraná, os quais desembocam nos Mares do Sul. Aliás, Athony Knivet, quando perguntado pelo velho índio da tribo, um dos chefes, se conhecia o local exato em que eles poderiam encontrar navios franceses esclarece: ".....que tinha certeza que entre o rio da Prata e um rio chamado pelos portugueses de Patos....."
c) nota 5 - Assim sendo, a enorme montanha coberta de floresta, não é o atual morro do Lopo. A assertiva encontra fundamento no fato que, a pequena Aldeia onde abandonaram a canoa corresponde ao da Aldeia de Guaipacaré, limite de navegabilidade do Rio Paraíba do Sul. Bem como, o trajeto percorrido no rumo sudoeste, quando igualmente, Alexandre Grymmer à partir desse ponto declara que percorreu um rio não navegável (ribeiro da limeira), rumo Oeste, ou seja, sentido por do Sol, era em direção ao Núcleo Embrião de Piquete. Nessa direção, enquanto Anthony Knivet faz referência a uma enorme montanha coberta de floresta, Grymmmer fala da Raiz do Monte, relevo que deu origem a toponímia, Meia Lua, atravessando quando da transposição, o que já fora designada, Garganta do Sapucaí, desfiladeiro notável ou garganta de Itajubá (Teodoro Sampaio), local em que veio a se instalar um registro de passagem de mesmo nome. (2)
2) Fonte: http://migre.me/80gje