sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Parte: 8 - As incríveis aventuras e estranhos infortúnios de Anthony Knivet -

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Eu já estava há dois meses com esses índios chamados tamoios, (14)  quando eles foram guerrear contra os temiminós. Na hora da luta, quase perdemos terreno, pois os temiminós estavam em muito maior número, de tal forma que tivemos que nos refugiar nas montanhas. Quando notei a forma primitiva como lutavam, e como, desordenadamente, lançavam-se sobre o inimigo como touros, ensinei-lhes como se portarem numa batalha, como prepararem uma emboscada e como retrocederem levando seus inimigos a uma armadilha. Foi assim que mantivemos a vantagem sobre o inimigo e me tornei tão importante entre eles que não iam para uma batalha sem que eu os acompanhasse. Em pouco tempo, de tanto combatermos os temiminós, eles decidiram abandonar a região fugindo de nós. Assim pudemos viver em paz. Os tamoios me ofereceram várias esposas, mas recusei, dizendo que não era do nosso costume tomar por esposas mulheres que não fossem da nossa terra. Depois que vencemos os temiminós, vivemos em paz por quatro meses até que veio uma outra tribo de canibais, chamada tupiniquins. (15) Estes montaram sua aldeia muito perto de nós, numa montanha chamada pelos índios de Itapeva (16),  isto é, “montanha de ouro”. Logo que soubemos de sua chegada, nos preparamos para lutar contra eles. Juntamos cinco mil dos mais  fortes e, em cinco dias, chegamos à sua aldeia. Mas,  como eles já tinham nos avistado, haviam abandonado a aldeia e fugido.  Perseguimo-los durante dez dias,  aprisionando muitos anciãos e mulheres que, assim  que capturávamos, matávamos. Assim os seguimos até  que chegamos às margens de um grande rio que não  ousamos atravessar, temendo que nosso inimigo nos  atacasse quando desembarcássemos na outra margem. Então voltamos para casa atravessando o rio chamado Morgege (17), e continuamos em paz por mais oito meses,  até que nos mudamos para outro lugar. 
Notas:
15. “Topinaques” no original. Os tupiniquins eram aliados dos portugueses. 
16. No original “Tamiuva”. Segundo Teodoro Sampaio, a serra de Itapeva (ou do Jambeiro) se estende entre o rio Jaguari e o rio Guararema, afluentes do Paraíba. Segundo Carvalho Franco, a leitura correta seria “Itajubá”, que significa pedra ou montanha amarela.
17. O rio Tietê, segundo Teodoro Sampaio.
Parafraseando: Não sou eu quem está falando: "Segundo Carvalho Franco, a leitura correta seria “Itajubá”, que significa pedra ou montanha amarela." Assim sendo, não estamos falando da regão do Alto Sapucaí que deu origem ao rio de mesmo nome e do rio Verde, das Minas de Itajubá, caminho geral do sertão, estrada Real do Sertão.  Em definitivo relativamente a busca dos mares do Sul,  a Hidrografia da regão  nos conduz a descrição de Alexandre Grymmer que,  quando ao passar pela região em 1601, após transpor a montanha do sumidouro, em cuja base,  veio a se instalar o registro Itajubá,  após percorrer a região dos pinheiros, esclarece,: "Três dias depois, chegamos a um rio, que deriva do Nascente, e, atravessando-o, durante quatorze dias, tomamos a direção de Noroeste, através de campos abertos e outeiros despidos de árvores, até outro rio, que era navegável e corria da banda do Norte. Atravessamo-lo em umas embarcações chamadas jangadas, e, quatro ou cinco léguas mais adiante, topamos outro rio que corria quase de Norte e era navegável. Creio, porém, que estes três rios, afinal, confluem num só leito e vão desaguar no Paraguai, em razão de que o curso deles é para o Sul, ou para o Ocidente." (http://migre.me/7XpCo)

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

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