CAPÍTULO I
1- A história do comércio de Guaratinguetá
Narrar a história do comércio é falar de relações humanas. É contar a
trajetória de uma das mais antigas atividades sociais, não apenas por
meio do desenvolvimento econômico ou de técnicas, mas também das
afinidades entre comerciantes e clientes. Das cadernetas aos pagamentos
eletrônicos, encontramos histórias de amizade, compreensão, iniciativas,
dificuldades e vitórias, que traduzem a magia dos balcões simples ou
sofisticados presentes em nosso cotidiano e em nosso imaginário.
Guaratinguetá é um município brasileiro do Estado de São Paulo,
localizada na região do Vale do Paraíba e sede de microrregião.
Conhecida na região pela tradição da comemoração do Carnaval, com
desfile de Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos. Terra do beatificado
Frei Galvão, do Presidente da República Rodrigues Alves e do
cardiologista Dr Euryclides de Jesus Zerbini.
Desde os primeiros tempos, Guaratinguetá era conhecida pelos índios
da região pela abundância de garças, que viviam as margens do Rio
Paraíba. Por lá passaram os primeiros homens brancos, no final do Século
XVI, em Bandeiras portuguesas atrás de riquezas escondidas além da
Serra da Mantiqueira, nas terras que conhecidas hoje como Minas Gerais.
Em 1628 teve início o povoamento da região do Vale do Paraíba com a
doação de terras a Jacques Felix e seus filhos. A partir deste núcleo
irradia-se o povoamento em todas as direções e em 1630 surge o povoado
de Guaratinguetá, mais precisamente em 13 de Junho de 1630 com a
construção de uma capela de pau-a-pique e coberta de sapê dedicada a
Santo Antônio, fato registrado no primeiro Livro-Tombo da Matriz de
Santo Antônio.
Em 13 de Fevereiro de 1651, por intervenção do Capitão Domingos Leme,
é elevada a Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá, devido à abertura
da estrada principal. Por tradição, também é erguido o pelourinho.
Durante o Século XVIII torna-se o principal ponto de abastecimento dos
exploradores dos veios de ouro de Minas Gerais, vivendo do comércio à
beira da estrada. Durante esse período, os viajantes estrangeiros que
por lá passaram deixaram valorosos documentos a respeito de
Guaratinguetá, tanto em livros quanto em pinturas. As poucas e estreitas
ruas são preenchidas pelo povo nos domingos e feriados para os cultos
religiosos.
Por sua privilegiada localização, Guaratinguetá era ponto de passagem
para Minas Gerais, para as vilas de Taubaté e São Paulo e para o porto
de Paraty.
As tropas vinham dos municípios de Cunha, Parati, Lagoinha, Taubaté e
mesmo de São Luiz do Paraitinga. Havia também um outro rancho de tropas
do outro lado do Rio Paraíba, perto da ponte metálica. O Rancho da
Pedreira, porém era o mais importante pela forma de seu grande
movimento, pois ali os tropeiros não permaneciam mais de um dia. O lema
era: “Mercadoria vendida, mercadoria comprada”. Semanalmente perto de
300 animais traziam: feijão, milho, salgado, carne de porco e ainda
frutas como o marmelo, pêra, pêssego, ameixa. Essas mercadorias vinham em jacás e balaios próprios para cada espécie.
De Parati destacam-se o peixe salgado, deliciosas tainhas, e a
aguardente azulada. Este comércio consistia, principalmente na troca de
mantimentos para homens e para animais, por tecidos, por sal e por
instrumentos necessários à lavoura. Ampliou-se, depois, com a criação de
porcos e com a plantação do algodão, para suprimento das bandeiras que
buscavam as riquezas das minas.
O retorno iniciava-se nas primeiras horas da madrugada, muito antes
do sol nascer. Assim a jornada rendia mais e os burros não se cansavam
muito, pois tinham de cobrir longas caminhadas com pesados fardos. Do
rancho partiam para a estação de trem, carroças cheias de mercadorias
com destino, principalmente para o Rio de Janeiro. Era o comércio dos
tropeiros, que desde o frio, sob o sol, sob a chuva, envolvendo-se na
poeira ou sujando-se na lama, rudes como os próprios animais, traziam de
longe para Guaratinguetá, o produto de seu trabalho, acolhido e
consumido não só aqui, mas também em outras regiões, que impulsionou o
nosso comércio para o que ele se transformou hoje.
Durante as primeiras décadas do século XVIII, teve importante
participação no ciclo do ouro nas Minas Gerais. Foi o principal centro
abastecedor do território mineiro, e para lá mandou muitos de seus
filhos, junto aos bandeirantes de Taubaté e de Pindamonhangaba, no
desbravamento e penetração dos sertões de Minas. A essa época, a vila
recebeu uma Casa de Fundição do Ouro, depois transferida para Paraty. A
vila, porém, era modesta, com poucas e tortuosas ruas que, a partir da
Matriz, acompanhavam os caminhos. Vivia de uma economia de subsistência e
do comércio de beira de estrada mais voltado para os viajantes que
transitavam pela região.
Guaratinguetá era usada como caminho, dos "Paulistas", ligando a Vila
de São Paulo às Minas Gerais. Iniciava-se na cidade de São Paulo,
percorrendo o Vale do Paraíba até atingir Guaratinguetá, onde se
encontrava com o "Caminho Velho". De Guaratinguetá iam em direção do
"Porto de Guaypacaré", onde ficavam as roças de Bento Rodrigues
Caldeira.
O Caminho de São Paulo seguia até Guaratinguetá, onde se bifurcava no
Caminho Velho: para o Norte, Minas Gerais; para o Sul, Parati e Rio de
Janeiro (por mar). Em meados do séc. XVIII, com a construção de acessos
terrestres para o Rio de Janeiro, o caminho de São Paulo passou a ter
mais opções de prosseguimento, como a trilha que passava por Cachoeira
Paulista, Silveiras, S. José do Barreiro, e Bananal, até a Guarda do
Coutinho (Pouso Seco), na divisa estadual, próximo a Rio Claro. Ou
seguindo até Campo Alegre (Resende, Quatis, Piraí, no RJ), e daí
escolhendo algum de outros diversos caminhos para chegar ao Rio.
[Sodero]
No Século XIX, Guaratinguetá atinge o apogeu do período cafeeiro, ao
mesmo tempo em que sofria com o declínio dos engenhos de açúcar. Durante
a “Trilha da Independência”, D. Pedro I pernoita na cidade, em 18 de
Agosto de 1822. Impulsionada pelo desenvolvimento econômico, político e
social promovido pela evolução cafeeira, a Vila eleva-se a categoria de
Cidade em 1844, e de Comarca em 1852. O café vira moeda forte, alterando
o cotidiano da cidade. Aumenta-se a mão-de-obra nos campos, ampliam-se
as construções na cidade e os filhos dos fazendeiros são levados a
estudarem na Corte ou na Europa. O comércio de mercadorias vindas em
lombo de burro do porto de Parati expande-se.
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Todos os caminhos que se cruzaram em direção ao litoral, as Minas
Gerais, São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, em toda a sua História
desde os primeiros tropeiros trazendo mercadorias nos lombos dos
burros, continuando com a ferrovia e as rodovias e o aeroporto,
favoreceram o desenvolvimento do comércio de Guaratinguetá.
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