sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A.insurreição.dos.escravos . no. Vale.do.Paraíba - por Marcos Couto Gonçalves * (Transcrição)

A INSURREIÇÃO DE 1848
No início de 1848, as autoridades abriram uma investigação sobre o suposto plano de insurreição de escravos, que deveria eclodir no dia de São  João ou de São Pedro e irradiaria de Lorena para Silveiras, Parati e Baependi, em Minas Gerais. O caso chegou até o Presidente da Província, avisado pelo chefe de polícia do Rio de Janeiro, sendo  que o Vice-Presidente da Província, Gavião Peixoto, avocou a centralização das informações e providências. Os cabeças seriam Vicente, crioulo,  escravo de Faustino Xavier de Morais; Francisco, escravo de D. Maria Pereira da Guia, e o mais  importante, Agostinho, crioulo, forro do finado  Antônio Gaspar Martins Varanda, que sabia ler e  escrever e que acabou fugindo, após descoberto  o movimento. Descobriu-se que as idéias da Rebelião eram insufladas pelo francês Jacques Troller, republicano e abolicionista, amigo do Sr. Varanda, que passava semanas em sua residência onde comumente  lia jornais e livros estrangeiros e comentara, na  presença de Agostinho, sobre a insurreição do  Haiti. Afirmava, também, que os escravos receberiam ajuda dos ingleses. Jacques Troller declarou em depoimento que não tinha envolvimento com o plano dos escravos e  o motivo de ser lembrado como autor do plano  ou apoiador da insurreição pelo réu Agostinho e  outros seria o fato de sempre ter argumentado  calorosamente sobre a necessidade da abolição  da escravatura no Brasil.  O juiz municipal argumentava saber de iguais  preparativos ou tendências de insurreição em  alguns lugares da Província de Minas Gerais e  que os escravos presos confessaram sobre o  dia de São João, declarava, ainda, que vira uma  carta de pessoa de confiança que asseverava terem sido encontrados os estatutos sobre o plano  da rebelião, o que o levava à convicção de que  tudo havia sido premeditado “ramificado em algumas províncias e quiçá pelo Brasil todo, plano certamente devido a mais desmedida ambição, egoísmo ou inveja e ciúme, que excita o Brasil a algumas nações”. Os escravos interrogados sofriam açoites públicos, mesmo quando inocentes e entregues aos  seus senhores. O desfecho do processo se deu com a condenação de Francisco e Vicente à pena  de 1.400 açoites – pena que exorbitava a todas  as condenações conhecidas – além de usarem  ganchos de ferro no pescoço por 3 anos, e a impronúncia do estrangeiro Jacques Troller. A Vila teve rondas e patrulhas nas ruas enquanto  durou o processo, e também se  aproveitou para  pedir o destacamento de 30 praças da Guarda Nacional. O apavorado governo provincial atendeu prontamente, enviando também armamentos e munição.
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Fonte: Advogado graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, bacharel em Letras Clássicas e Vernáculos pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e pesquisador da Divisão de Acervo Histórico da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (ma.couto@uol.com.br). http://migre.me/vmoFv 
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