1.1— Descobertas Brasileiras
Alguns historiadores — e não todos — entendem que a exploração
do ouro no Brasil iniciou-se na Capitania de São Vicente. O ouro de
lavagem (ou de aluvião) foi aí descoberto em 1597, por Afonso Sardinha
e o filho, do mesmo nome, nas serras de Jaguamimbaba e de Jaguará,
perto da Vila de São Paulo e no interior. Quantidade mínima e efêmera,
passou-se um século daí por diante até começar o ciclo do ouro de beta
que seria em terras do atual estado de Minas Gerais. No séc. XVIII,
em alguns pontos do atual Estado de São Paulo encontrou-se o precioso
metal.
Sendo realmente contraditórios os depoimentos relativos ao primeiro
descobrimento de ouro no Brasil, notamos aqui o que afirma o conhecido
historiador Hélio Viana: "... é mais aceito ter sido Antônio Rodrigues
Arzão o que encontrou ouro, antes que todos, em 1693, à frente de uma
bandeira, em ponto indeterminado, na atual região das Minas Gerais.
E levou o precioso minério ao Governador Castro Caldas, no Rio de
Janeiro. Outro depoimento a ser respeitado é do Mestre-de-Campo José
Rebelo Perdigão, atribuindo a Duarte Lopes — participante da bandeira
de Fernão Dias Pais — o primeiro a encontrar ouro, o que aconteceu
na região da atual Mariana (1694) . Pedro Táques, entretanto, considera
descobridor Carlos Silveira e Bartolomeu Bueno Sequeira, fato este que
teria chegado ao conhecimento do Rei D. Pedro II (1694) , através do
Governador Caldas (Castro Caldas) , Outra versão nos dá o famoso
jesuíta e cronista João Antonio Andreoni — que é o mesmo André João
Antonil — , em 1711: “o descobridor inicial foi um mulato de Taubaté”,
o achado ter-se-ia dado próximo a Ouro Preto”.
Rapidamente se propagou a notícia do achado! Foi extaordinária
a afluência de min^radores à região de Minas Gerais, vindos de São
Vicente e do Rio de Janeiro. Transpunham muitos rios da bacia platina
(o das Mortes e seus formadores ) em vez de procurarem o Paraopeba
e das Velhas, como havia feito Fernão Dias Pais. Passaram por serras
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da região de Ouro Preto, atingindo rios que descem para a bacia do
Rio Doce, nos quais valiosas minas de ouro foram revelados nos últimos
anos do século XVII como nos primeiros do seguinte.
Muitos descobrimentos nas zonas dos Rios das Mortes e das Velhas,
em Mariana, São João D’E1-Rei, São José D’E1-Rei (Tiradentes, hoje) .
Nos primeiros decênios do séc. XVIII alargou-se a região aurífera das
Gerais, que em direção ao norte atingiu o Serro do Frio e a Bacia
do Jequitinhonha, no Arraial do Tijuco (hoje Diamantina) e para
Noroeste as minas de Pitangui e Paracatu, também de Pernambuco e
da Bahia chegava muita gente às minas, além do Rio de Janeiro e
São Paulo.
A afluência de candidatos à mineração causou grande escassês e
carestia de mantimentos, chegando haver fome e morte por inanição.
É muito difícil tratar-se da mineração, como aconteceu no Brasil,
sem retratar uma série de episódios pátrios importantíssimos — como
o gado, as monsões, os bandeirantes. . . as cidades, etc. Neste capítulo
aqui não podemos deixar para depois o significado das bandeiras.
Roberto Simonsen, em sua famosa História Econômica do Brasil,
entende que a Coroa Portuguesa, de modo eficaz, estimulou os desco-
brimentos das minas. Ainda no final do séc. XVII, D. Pedro enviou
cartas a vários bandeirantes paulistas concitando-os às descobertas. A
grande bandeira de Fernão Dias Pais, o governador das esmeraldas, que
cruzou regiões mineiras por mais de seis anos, teve origem no apelo
régio. Fernão Dias, o filho Garcia Rodrigues, o genro Manoel Borba
Gato, Matias Cardoso de Almeida dirigiram a famosa bandeira que esta-
beleceu contato com o período de pesquisas de ouro e muitas outras
figuras legendárias na história das bandeiras paulistas.
A essa bandeira de Fernão Dias parece ter cabido um papel fixador,
por excelência, da atenção dos demais desbravadores para a região em
que se foi encontrar o ouro aluvional em grandes massas.
A história oficial de Minas começa com Fernão Dias Pais — l. a auto-
ridade a ser investida com poderes sobre o território mineiro. Sua notável
Bandeira são 7 anos de epopéia (1674-1681) .
As primeiras jazidas auríferas realmente importantes manifestaram-se
a partir de 1699; mês após novos depósitos se foram descobrindo, da
riqueza fabulosa, sempre em Minas. Agora o Governador já é Artur
de Menezes, que vai às Minas, em 1700 e perdoa Borba Gato, acusado
de ter contribuído para o assassinato do Governador anterior. Mas o
número de pessoas de Piratininga não era suficiente para ocupar todas
as minas; deu-se a invasão dos forasteiros e os paulistas, não obstante
todo o seu passado de sacrifício, a serviço dos descobrimentos de metais
preciosos, passaram a constituir uma minoria na região das Minas Gerais.
Repetindo: a descoberta de qualquer mina quase sempre é feita
por um paulista. As minas chamadas GERAIS são as mais próximas da
cidade do Rio de Janeiro, distância de 450 km aproximadamente.
Fonte: http://migre.me/vukkJ
Alto da Serra, Meia Lua, Itabaquara de cima, desfiladeiro de Itajubá, Serra de Jaguamimbaba, na perspectiva de quem olha da estrada das Posses (Caminho do Ouro de Guaratinguetá - São João Del Rei)
Alto da Serra, espaço colonial de Piquete-SP, Serra de Jaguamimbaba.