No início da ocupação e da exploração mineradora, a população enfrentou sérios problemas de abastecimento: não havia lavouras nem criação de animais, e as distâncias, muito grandes, dificultavam a chegada de alimentos para as minas. Pagava-se alto preço por um boi ou por um fardo de farinha. Nos primeiros anos, muitos passaram fome, apesar da riqueza que possuíam.
Com o tempo, começou a se organizar o transporte de mercadorias de outras regiões: alimentos, vestuário, instrumentos de trabalho, armas e utensílios. Tudo de que os habitantes das minas precisavam tinha que vir de fora.
Mais tarde, desenvolveu-se a agricultura e a pecuária nas vizinhanças da zona mineradora, para facilitar o atendimento das necessidades dos mineiros. Abriram-se caminhos, por onde passavam não só essas mercadorias, mas também o ouro, que precisava chegar ao Rio de Janeiro, de onde era embarcado para a Europa. Nesses caminhos surgiram ranchos e cabanas para a pousada dos viajantes, originando-se, assim, várias cidades, como Pouso Alegre, Passo Alegre, Passo Fundo.
Outros caminhos ligavam a região das minas com o Nordeste, de onde vinha carne e couro, com que se confeccionavam as bolsas para carregar o ouro. Graças a isso, a pecuária nordestina, que antes abastecia apenas os engenhos e vilas do litoral, teve grande impulso, estendendo-se pelas margens do rio São Francisco. Mas a comunicação entre as duas regiões acabou sendo dificultada pelas autoridades portuguesas, para evitar o contrabando de ouro que passava por aqueles caminhos.
*Quem é que carrega*?
Outro problema era a distância entre as minas e o Rio de Janeiro, onde era embarcado o ouro. A dificuldade tornava-se maior por causa do relevo montanhoso da região, que os cavalos não agüentavam transpor.
No início, eram os próprios escravos que faziam o carregamento. Caminhando pelas montanhas, eles levavam nas costas as sacolas de ouro e voltavam do Rio com outras mercadorias. Mas isso prejudicava a mineração, porque havia grande necessidade de escravos no trabalho de extração do ouro.
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Com o tempo, encontrou-se outra solução para o transporte das cargas da região das minas. Passaram a ser usadas mulas, pois esse animal é muito mais resistente do que o cavalo e consegue se locomover com facilidade em regiões acidentadas.
Quem fornecia as mulas para a região das minas eram os criadores do sul da colônia, da capitania do Rio Grande de São Pedro. (Veja a p. 114). _`[{do livro em tinta_`] A necessidade de animais nas minas estimulou a ampliação dos rebanhos e a ocupação de vastos campos no Sul com a criação de gado.
Os tropeiros, isto é, condutores de tropas de animais, levavam as mulas do Rio Grande até as vilas próximas de São Paulo, principalmente a de Sorocaba. Ali se reuniam compradores e vendedores de animais e de outros produtos variados, como panos, arreios, rédeas, artigos de ouro e prata, trazidos por mascates do Rio de Janeiro e de São Paulo. (Fig. 11.) _`[Sorocaba, no interior de São Paulo, tornou-se um ponto de passagem de tropas que vinham do Sul. Ali realizava-se uma grande feira. Quadro de Ettore Marangoni._`] Dessas vilas, as mulas seguiam para a região das minas. 131>
*O ouro transforma a colônia*
A atividade mineradora mudou inteiramente as características da colônia. Nos primeiros tempos da colonização, os colonos praticamente não haviam se afastado do litoral, a não ser em suas buscas de ouro ou expedições para captura de índios. Com a mineração, o centro da vida colonial passou a ser os sertões de Minas Gerais, ampliando-se extraordinariamente a extensão da área ocupada pela colonização portuguesa.
Antes, cada núcleo colonial se relacionava quase exclusivamente com a metrópole, ou seja, as áreas de povoamento português ficavam bastante isoladas umas das outras. Com a mineração, a região das minas precisava manter ligação com as outras capitanias, de onde recebia grande parte dos gêneros de que necessitava. Assim, as diferentes áreas de colonização passaram a ficar interligadas. (Fig. 12.)
Fonte: História Passado Presente
A formação do capitalismo e a
colonização da América
História Integrada
2 -- 6ª Série
Ensino Fundamental
Sonia Irene Silva do Carmo
Eliane Frossard Bittencourt
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