sábado, 26 de novembro de 2016

Pateo do Collegio - ".....em direção ao Leste, no Vale do Paraíba, atinge altíssimos picos e muda de denominação para a de Serra da Mantiqueira." (Transcrição)

Por iniciativa de Nóbrega, construiu Anchieta com a ajuda de outros irmãos, do Cacique Tibiriçá e de seu irmão, o Índio Caiubi, uma casa de pau a pique, numa grande colina bem no centro dos Campos de Piratininga (Peixe Seco), a qual serviria como escola, centro catequista e de proteção para os Brasis (Índios), amigos dos Portugueses. Estava fundada a São Paulo de Piratininga em 25 de janeiro de 1554. Posto de observação contra os ataques dos destemidos e heróicos Índios Tupinambás que chegavam pelo Leste, vindos do Vale do Paraíba e Litoral Norte de São Paulo, para lutar contra o invasor Português que violentava e destruía as famílias indígenas Tupinambás, escravizando-as para o trabalho penoso nos engenhos de cana-de-açúcar de São Vicente.
O local onde se edificou o Colégio possuía clima ameno, não tão tórrido quanto o do litoral. Era um posto avançado no interior, em local seguro e defensivo. Baluarte da tranqüilidade para que os irmãos executassem o trabalho junto aos catecúmenos e longe "do barulho", do tráfico de Pau-Brasil, dos portugueses amancebados, das heresias e do canibalismo ritualístico indígena que imperava em todo litoral do Brasil, desde o Norte até as cercanias de Cananéia. Saiba mais aqui e venha conhecer como de fato foi a São Paulo no Século 16 (acerca de 1554)!
São Paulo de Piratininga
Pouca coisa havia naquele lugar, a não ser a Mata Atlântica, nativa e muito exuberante, com muita revoada de pássaros tropicais. Clima ameno no verão, muita garoa ao anoitecer e chuvas constantes. Frio no inverno. Enfim, um clima como o das terras de Espanha, como teria observado Anchieta. São Paulo começou numa grande colina cercada por rios, perfeita como baluarte de defesa: o Rio Tamanduateí (Rio dos Tamanduás) que na época das cheias inundava a área conhecida como Várzea (hoje o Parque Dom Pedro), deixando muito peixe aprisionado nas lagoas que se formavam e por isso mesmo, originando o nome do local, Piratininga: Peixe Seco; o Rio Itororó (atual Avenida 23 de Maio), o Rio Saracura (atual Avenida 9 de Julho) e o Rio e Vale do Anhangabaú (vale do demônio) local temido pois ali habitava o Kaáguara, o morador do mato, o Anhangá. O Colégio ficava ali perto de um despenhadeiro, com vista para o Leste, local de vigilância contra as incursões Tupinambás que chegavam do Litoral Norte e do Vale do Paraíba. Esta colina era de fato um pequeno planalto, constituído de mata densa com alguns caminhos como os do Inhapuambuçu (Rua XV de Novembro) e o Caminho do Sertão (Rua Direita). Eis aí, portanto, a São Paulo do Século 16.
Regiões da São Paulo de Piratininga
Na direção Norte, apenas um caminho (Rua Florêncio de Abreu), localizado depois da cabana de Tibiriçá (Mosteiro de São Bento), o qual conduzia até as proximidades da aldeia do Índio Caiubi, irmão de Tibiriçá (cercanias do Bom Retiro). Dali, uma bela vista de toda a Serra da Cantareira que em direção ao Leste, no Vale do Paraíba, atinge altíssimos picos e muda de denominação para a de Serra da Mantiqueira.
Na direção do Sul, encontrava-se a aldeia do Cacique Tibiriçá nas cercanias do atual Fórum João Mendes Junior, um pouco abaixo, perto do Caminho do Mar (Rua da Glória), muito usado pelos Tupiniquins para subir a Serra assim como também pelos Guaianasesquando iam no inverno pescar nas praias do Litoral de Santos e São Vicente; época em que os grandes cardumes fugindo das águas frias em alto mar, procuravam refúgio se aproximando das águas mais quentes da costa. Era nesta época que os Índios pescavam e moqueavam o peixe (assavam na grelha chamada de moquém), triturando o alimento com a farinha de mandioca para que esta mistura se conservasse por muito tempo, trazendo depois este mantimento para o Planalto. A vista em direção ao sul, era de densa floresta, até as colinas onde hoje se situa a Avenida Paulista. Bem mais ao sul pouco se conhecia: teria havido um lago bem grande (no local do atual Parque do Ibirapuera), circundado por muito brejo (Jardim América, Jardim Europa, Jardim Paulista) até se chegar ao Rio Pinheiros e à aldeia do Ibirapuera propriamente dita (pau ou árvore podre), localizada perto da região de Santo Amaro e nas cercanias deste rio, ao Sul. Para o Sudoeste, muitos morros íngremes (região da Av. Paulsita) e logo abaixo ainda muito brejo havia, até se chegar à uma outra aldeia, localizada em Pinheiros, próxima deste rio onde nas margens haviam muitas capivaras, jacarés e caça abundante.
Na direção do Leste, havia uma grande várzea, formada pelo Rio Tamanduateí (em Tupi) ou Rio dos Tamanduás, o qual na época das cheias, formando lagoas, deixava o peixe aprisionado, dando assim, origem ao nome do local: Piratininga (paraty/piraty: peixe branco; ningá: seco; pronuncia correta: piratiningá). Era o local de partida para o Vale do Paraíba em direção ao Rio de Janeiro, que sequer havia sido fundado, onde naquele local se encontrava a França Antártica de Villegagnon, com o Forte de Coligny instalado na Ilha que hoje está ligada ao continente, ao lado do Aeroporto Santos Dumont. Para o Oeste, ultrapassando-se o temido vale do anhangá (Anhangabaú), chegava-se até o local que bem mais tarde ficou conhecido como Largo dos Curros (Praça da República) e mais um pouco para frente à uma aldeia, no atual Largo do Arouche.
Índios Locais
Os índios habitantes do local eram os Guaianás (ou Gaianases), da mesma família Tupi, liderados pelo Cacique Tibiriçá e por seu irmão, Caiubi, amigos dos Portugueses. João Ramalho, náufrago ou degredado que Martim Afonso de Souza já encontrou morando entre os índios quando chegou à São Vicente, havia desposado a filha de Tibiriçá, a Índia Bartira (Potira), estabelecendo assim relações de amizade não só com os Guaianases mas como também com os Tupiniquins da Costa de São Vicente. Os índios Guianás ao que tudo indica, não praticavam o canibalismo ritualístico como seus irmãos Tupinambás no Litoral Norte e Tupiniquins no Litoral Sul de São Paulo (de São Vicente e Itanhaém até Cananéia). Ramalho e Bartira geraram muito filhos mamelucos, os quais são a origem dos primeiros Paulistas.
Uma maquete em gesso de 1955, obra de Laurindo Galante, da Escola Técnica Getúlio Vargas (atual FGV), retrata com perfeição como teria sido a Colina Histórica de Piratininga no Século XVI, mostrando as indicações dos locais atuais. Venha conferir, portanto, a São Paulo daquela época em nossas fotos exclusivas e descubra um mundo de novidades!
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 Pateo do Collegio: ".... em direção ao Leste, no Vale do Paraíba, atinge altíssimos picos e muda de denominação para a de Serra da Mantiqueira." Entre outras denominações, Serra de Jaguamimbaba, cujo o Alto da Serra contido no Mapa de 1776, corresponde a espaço colonial de Piquete-SP (grifos meus)

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