segunda-feira, 30 de abril de 2012

Memória e Identidade: Aspectos relevantes para o desenvolvimento do Turismo Cultural (Por: Claudio Magalhães Batista)

Introdução - (Transcrição)
O resgate da memória é de suma importância devido à construção de uma identidade consistente de um determinado povo. Para isso é necessário que não deixe de rememorar, ir em busca das raízes, das origens, do âmago da sua história, etc.
A memória tem um caráter primordial para elevação de uma nação de um grupo étnico, pois aporta elementos para sua transformação.
A idéia de nação é uma realidade que se impõe por si mesmo, pois é uma construção contínua que repousa no erro histórico. Ao falar de raça vem em nossas mentes altura, índice cefálico, uma aparência hereditária, enquanto etnicidade os aspectos culturais são primordiais, pois é uma comunidade biológica de cultura e de língua.
A nação, raça e etnia se distinguem pela pertença racial, originada na comunidade de origem, a pertença étnica é dada pela crença subjetiva na comunidade de origem e a nação pelo poder político. Expresso nas instituições democráticas nas instâncias competentes. Apesar de que hoje não se fala mais em raça que é um conceito em desuso.
Stuart Hall afirma que: `as identidades nacionais não são coisas com as quais nós nascemos, mas são formadas, transformadas no interior da representação` (HALL, 1999, 48). Sendo a nação construída, é uma comunidade simbólica e gera sentimentos de identidade e de pertença que não necessariamente tem de ser os limites geográficos que impõe essa nação.
Partindo do pressuposto que a `memória é a faculdade de reter idéias ou reutilizar sensações, impressões ou quaisquer informações adquiridas anteriormente` como afirma o dicionário da Língua Portuguesa (FERREIRA, 1989, 334), percebe-se que essa memória proporciona a lembrar da própria lembrança e não deixa que se apaguem as experiências adquiridas por todos envolvidos com aquele episódio.
Desta forma, o objetivo deste artigo é identificar a importância da memória na construção de uma identidade e só através desta identidade formada é que a indústria do Turismo Cultural se faz presente, apropriando-se desta para o incremento da localidade onde desenvolve esse tipo de Turismo, tendo acesso ao Patrimônio Cultural, à história, à cultura e ao modo de viver daquela comunidade.
Neste trabalho, usou-se como técnica de pesquisa o levantamento bibliográfico referente à Memória, Identidade e Turismo Cultural.
Conceitos de Memória, Identidade e Turismo Cultural.
Filosoficamente (Memória) significa a capacidade de reter um dado da experiência ou conhecimento adquirido e de traze-lo à mente; e esta é necessária para constituição da experiências e do conhecimento científico. Toda produção do conhecimento se dá a partir de memórias de um passado que é consolidado no presente. Hilton Japiassú, no Dicionário de Filosofia ele afirma :
A memória pode ser entendida como a capacidade de relacionar um evento atual com um evento passado do mesmo tipo, portanto como uma capacidade de evocar o passado através do presente (JAPIASSÚ, 1996, 178).
Isso é bastante perceptível quando temos a experiência de um sabor ou um cheiro que percebíamos ou tínhamos enquanto criança, mais tarde quando adultos ao sentirmos o cheiro ou o sabor somos remetidos, voltamos ao passado e invocamos essa lembrança. Buscamos essa memória que está adormecida, não que busquemos, mas ela vem à tona.
Existem lugares da memória, lugares particularmente ligados a uma lembrança, que pode ser uma lembrança pessoal, mas também pode não ter apoio no tempo cronológico. Pode ser, por exemplo, um lugar de férias na infância, que permaneceu muito forte na memória da pessoa, muito marcante, independentemente da data real em que a vivência se deu (POLLAK, 1992, 202).
A memória é sempre atual, pois a qualquer momento podemos evocá-la. É vivida no eterno presente; aberta à dialética da lembrança e do esquecimento; alimenta-se de lembranças vagas, telescópias, globais e flutuantes; e cria sentimento de pertencimento e identidade, etc.
Estas são algumas características da memória que fornecem um arcabouço de conhecimento a si mesma. A memória sabe.
Em contrapartida pode-se observar que ao mesmo tempo que um grupo quer esquecer, outros testemunharam acontecimentos e querem inscrever suas lembranças contra o esquecimento, para que a memória continue sempre viva. É a luta pelo não esquecimento.
Surge aí a resistência de grupos que não querem esquecer suas memórias pelo contrário querem preservá-las e perpetuá-las, para que as futuras gerações saibam dos acontecimentos por ali passado.
A memória é um elemento constituinte do sentimento de identidade, tanto individual como coletiva, na medida em que ela é também um fator extremamente importante do sentimento de continuidade de coerência de uma pessoa de um grupo em sua reconstrução de si ( POLAK,1992, 204).
Porém essa memória não pode ser enquadrada, emoldurada de acordo com os interesses próprios, pois é livre e atua em seus personagens de forma bastante livre sem interferências. Emerge repentinamente remetendo à lembranças do já vivido. Pode ser construída consciente ou inconsciente, pois o que a memória grava, recalca, exclui, relembra é o resultado de um trabalho de organização.
A memória histórica constitui um fator de identificação humana, é a marca ou o sinal de sua cultura. Reconhecemos nessa memória o que nos distingue e o que nos aproxima. Identificamos a história e os seus acontecimentos mais marcantes, desde os conflitos às iniciativas comuns. E a identidade cultural define o que cada grupo é e o que nos diferencia uns dos outros.
Segundo Wehling, a memória tem finalidades:
A memória do grupo sendo a marca ou sinal de sua cultura, possui algumas evidências bastante concretas. A primeira e mais penetrante dessas finalidades é a da própria identidade. A memória do grupo baseia-se essencialmente na afirmação de sua identidade (WEHLING, 2003, 13).
A ligação entre memória e identidade é tão profunda que o imaginário histórico-cultural se alimenta destes para se auto-sustentar e se reconhecer como expressão particular de um determinado povo.
A memória não pode ser entendida como apenas um ato de busca de informações do passado, tendo em vista a reconstituição deste passado. Ela deve ser entendida como um processo dinâmico da própria rememorização, o que estará ligado à questão de identidade (SANTOS, 2004, 59).
Sendo assim rememorizada ela não se deixam cair no esquecimento e vai sendo refrescada constantemente, sendo grafada, narrada, ou tornando-se fonte-histórica, utilizando da `memória social que é um dos meios fundamentais de abordar os problemas do tempo e da história` ( LE GOFF, 1996, 426).
Identidade:
A identidade cultural e a memória reforçam-se mutuamente. Conhecemos as nossas raízes, distinguimos o que nos une e o que nos divide. Estamos aptos a entender que a cultura e a memória são faces de uma mesma moeda e que a atitude cultural por excelência e com o que nos rodeia, desde os testemunhos construídos ou das expressões da natureza aos testemunhos vivos aos quais são imprescindíveis para a construção desta identidade.
A memória é um elemento essencial da identidade e contribui para a formação da cidadania.
A definição da própria identidade cultural implica em distinguir os princípios, os valores e os traços que a marcam, não apenas em relação a si própria, mas frente a outras culturas, povos ou comunidades. Memória e identidade estão interligados, desse cruzamento, múltiplas pelas possibilidades poderão se abrir ora produção de imaginário histórico-cultural (SANTOS, 2004, 59).
Por identidade entendemos os aspectos peculiares de um determinado povo com suas crenças, ritos e experiências comuns que foram a identidade particular, ex: a identidade nacional, brasileira, americana, japonesa, etc.
Na linguagem do senso comum, a identificação é construída a partir do reconhecimento de alguma origem comum, ou de características que são partilhadas com outros grupos ou pessoas, ou ainda a partir de um mesmo ideal. (HALL, 2000. 106 ).
Essa construção da identidade ou identidades vão se moldando quando um determinado grupo se apropria de seus valores, manifestações perpetuando-os na sua história, passando de geração a geração.
As identidades parecem invocar uma origem que residiria em um passado histórico com o qual elas continuariam a manter uma certa correspondência. Elas tem a ver, entretanto, com a questão da utilização dos recursos da história, da linguagem e da cultura para a produção não daquilo que nós somos, mas daquilo no qual nos tornamos (HALL, 2000, 109).
A identidade é uma categoria extremamente diferenciada dentro das Ciências Humanas e Sociais. Pode ser abordada em relação à questão de gênero, pode ser definida a partir da religião que se professa, pode ser construída, e geralmente o é, com a contribuição da atividade profissional que uma pessoa exerce, está intimamente ligada ao grupo étnico ao qual pertencemos, o que já inclui outras categorias como língua, costumes, etc.
Através da memória e da construção da identidade de um povo, surge o turismo com a perspectiva de preservar a cultura e fazer dela um produto turístico que tem uma demanda específica, pois quem procura esse tipo de turismo quer outro tipo de atração que é conhecer o Patrimônio cultural daquela localidade.
Turismo Cultural:
A relação existente entre cultura e turismo é visivelmente notada quando o turismo se apropria das manifestações culturais, da arte, dos artefatos da cultura .
Por sua vez a cultura também se apropria do turismo no que diz respeito a formatação das expressões culturais para o desenvolvimento do turismo. Surge ai, então, um turismo especial voltado para a cultura.
Turismo cultural é o acesso a esse patrimônio cultural, ou seja, à história, à cultura e ao modo de viver de uma comunidade. Sendo assim, o turismo cultural não busca somente lazer, repouso e boa vida. Caracteriza-se, também, pela motivação do turista em conhecer regiões onde o seu alicerce está baseado na história de um determinado povo, nas suas tradições e nas suas manifestações culturais, históricas e religiosas (MOLETTA, 1998, 9-10).
O turismo cultural tem a função de estimular aos fatores culturais dentro de uma localidade e é um meio de fomentar recursos para atrair visitantes e incrementar o desenvolvimento econômico da região turística, a qual tem características favoráveis a esse setor de turismo, sendo apoiado nos princípios do desenvolvimento turístico sustentável. *Podendo ser também uma estratégica de dominação, controle, folclorização, instrumentalização dos nativos para gerar lucro e prestígio para os agentes do turismo e os governantes.
A cultura como atrativo turístico é considerada uma atividade econômica de importância global, que abarca elementos econômicos, sociais, culturais e ambientais.
É um dos fenômenos mais importantes dos últimos tempos, pois propicia o contato entre diferentes culturas, a experiência de diferentes situações, e passa por diferentes ambientes, e a observação de diferentes paisagens. Isto possibilita a globalização da cultura. ( SANTOS & ANTONINI, 2003, 101).
Assegurar às gerações futuras, o aceso a recursos do turismo cultural é um dever principalmente dos profissionais deste setor turístico.
Segundo Moletta (apud. SANTOS, 2004, 83), um profissional do turismo cultural deve apresentar as seguintes características:
Ter tido farta leitura sobre os atrativos culturais explorados; estar em constante buscar de novas informações; conhecer tecnicamente a região, realizando interpretações sobre o bem estudado e sua relação com a história; ter boa comunicação, iniciativa e empatia com o visitante; Dominar a informação, transmitindo entusiasmo e motivação para o grupo; possuir noções de primeiros socorros e transparecer um profundo respeito à cultura (MOLETTA, 2001, 46).
O turismo cultural se relaciona intimamente com a vida cotidiana do destino turístico que se quer conhecer, pois há lugares que se especializam em recepção dos turistas e de certa forma industrializam, massificam as manifestações culturais sendo um produto exclusivamente para os mesmos.
De certa forma pode exercer uma função de modificação da cultura, interferindo no aspecto cultural e descaracterizando assim a própria manifestação que é espontânea. O turismo como fenômeno tem que ser implementado com muito cuidado pois deve procurar revalorizar o cotidiano da localidade e não inventar uma manifestação cultural para mostrar ao turista.
O Turismo Cultural pode converter em uma oportunidade para o desenvolvimento de correntes turísticas atraídas por motivações predominantemente culturais fortalecendo assim a própria cultura.
Aparelhagem do Turismo Cultural:
O público específico da segmentação no setor do Turismo Cultural é motivado por características próprias peculiares, como: nível de escolaridade mais elevado. A grande maioria tem curso superior, fala ou compreende outra língua, etc. São indivíduos que ao satisfazerem suas necessidades mais elementares e vitais (alimentação, vestuário, habitação), buscam escalas superiores de satisfação (melhoria qualitativa dos elementos vitais e educação, lazer, viagens, etc.)
Fazer turismo e principalmente o Turismo Cultural leva aos indivíduos a um certo tipo de `status` social, porque nem sempre o turismo é acessível a todos.
A educação é primordial para o aprimoramento e a propensão dos viajantes a fazer turismo. O grau de escolaridade tem uma correlação positiva com altos níveis de renda. Isso significa a mesma correlação positiva com o turismo, ou seja, níveis de renda mais elevados revelam maiores propensões a viajar do que níveis de renda mais baixos. O mesmo se se relaciona diretamente o turismo com o grau de escolaridade ( RABAHY, 2000, 93).
Esses aspectos são relevantes para o desenvolvimento do turismo cultural e o mesmo se ampara de tosa uma aparelhagem tecnológica para seu incremento e potencialidade.
Aparelhagem tecnológica aqui significa toda técnica e todo aparato que o turismo cultural se apropria para que ser produto, no caso a cultura, as manifestações, ritos, expressões artísticas, transforme-se em um produto turístico.
Como aparelhagem podemos destacar a elaboração de um marketing agressivo, divulgando assim a cultura daquela comunidade: artesanato, folclore, gastronomia típica, arquitetura histórica, arquitetura típica, etc.
O turismo cultural não é um modismo passageiro. Está intimamente ligado à demanda intelectual dos jovens que cresceu nos últimos 30 anos. O nível de instrução cresceu , gerando assim uma democratização de bens e equipamentos culturais, para maiores parcelas da população.
No turismo cultural a importância de revitalização de áreas urbanas e comunidades com expressões artísticas se acelera a cada dia com o intuito de divulgar, mas de preservar suas origens.
No Brasil, cidades como Ouro Preto, Salvador, Olinda e centros históricos importantes de capitais como Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba são parcialmente preservados. Em Curitiba o Largo da Ordem manteve seu estilo do século XIX e ao mesmo tempo transformou-se em uma área de lazer e entretenimento noturno de boa qualidade (TRIGO, 1993. 112).
Neste tipo de turismo deve-se ter a preocupação por parte dos operadores de turismo as quais vendem o produto da cultura, à valorização do cotidiano das comunidades e não simplesmente produzir uma manifestação cultural para se mostrar ao turista, pois senão estaria fabricando um produto e perdendo assim a característica do mesmo. Porém o turismo é o setor que mais cresce e pode ser ainda explorado muito mais.
O turismo cultural compreende uma infinidade de aspectos, todos eles passíveis de serem explorados para a atração de visitantes. A arte é um dos elementos que mais atraem turistas. A pintura, a escultura, as artes gráficas, a arquitetura são elementos procurados pelos turistas. Assim, os museus se constituem nos primeiros atrativos a serem procurados pelos visitantes de uma localidade (IGNARRA, 1999, 120).
Outros elementos são apropriados pelo turismo cultural com a intenção de promover o próprio e a comunidade local, como: a música, dança, artesanato, gastronomia típica, folclore, agricultura tradicional, manifestações religiosas, a história da comunidade, etc.
Tudo isso oferece como aparelhagem para o turismo cultural para que se desenvolva forte e atuante neste segmento, porém de forma responsável, não descaracterizando a cultura do local.
Considerações Finais:
Pretendeu-se neste artigo salientar os aspectos relevantes para o desenvolvimento do turismo cultural como sendo imprescindível o resgate da memória e a identidade de um determinado povo.
A memória é essencial para uma cultura que deseja preservar suas características e como ela é intimamente ligada a identidade, fornece subsídios para que a identidade se construa e se fortaleça a partir de elos comuns.
No turismo cultural a memória e a identidade são essenciais para o desenvolvimento deste segmento turístico, que vem crescendo a cada década devido às exigências dos padrões do turismo, no caso cultural, pois um dos fatores que faz crescer esse tipo de turismo é a elevação da escolaridade da população que de uma forma ou de outra vem aumentando graças a esse mundo globalizado .
Portanto o artigo propicia a contribuir para a reflexão acadêmica sobre a memória, identidade como elementos capazes de fomentar e desenvolver cada vez mais o turismo cultural.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Entradas e Bandeiras na Colonização do Brasil

O desbravamento e povoação das terras do interior do Brasil foram iniciados por expedições chamadas de Entradas e Bandeiras. As Entradas eram oficiais, organizadas pelo governo da autoridade colonial. Já as Bandeiras tinham motivação particular por parte dos colonos estabelecidos nos povoados.
Essas expedições foram organizadas para explorar o interior e procurar riquezas minerais, além de caçar e aprisionar índios para escravizá-los. Não era uma tarefa fácil organizá-las. Havia a necessidade do preparo de muitas provisões, armas e instrumentos, que deviam ser transportados por animais e pelos próprios exploradores. 
Outra tarefa difícil era reunir homens dispostos a penetrar mata adentro sem a certeza de que retornariam com vida e do êxito que teriam na descoberta de riquezas ou no enfrentamento com os índios. 
Em 1504, Américo Vespúcio organizou uma Entrada composta por trinta homens que partiu de Cabo Frio e penetrou no sertão. Martim Afonso de Souza organizou duas Entradas. A primeira composta por quatro homens, saiu da Guanabara e permaneceu no interior por cerca de dois meses. A segunda tinha cerca de 80 homens e era chefiada por Pedro Lobo. Saiu da ilha de Cananéia (no atual estado de São Paulo) e jamais retornou. 
No início do século 17 as Entradas entraram em declínio. Surgiram então as Bandeiras que se estenderam por todo o século seguinte. Foi na vila de São Vicente que as primeiras Bandeiras foram organizadas. O solo dessa região, impróprio para o plantio da cana-de-açúcar, ocasionou uma grande queda da produção açucareira levando a estagnação econômica aos povoados. Os habitantes tiveram que encontrar outra atividade econômica para sobreviver. A alternativa foi a organização das expedições desbravadoras. 
Outra que se tornou famosa por essas expedições foi a vila de São Paulo. As Bandeiras organizadas pelas duas vilas dedicaram-se, à caça e prisão de índios para vendê-los como mão-de-obra escrava aos engenhos de açúcar, situados nos ricos solos do Nordeste brasileiro. Seus alvos principais eram as missões jesuíticas que tinham grande número de índios em fazendas, para serem pacificados e depois catequizados pela Companhia de Jesus. (Fonte: http://migre.me/8QIps)

1) Em 1504, Américo Vespúcio organizou uma Entrada composta por trinta homens que partiu de Cabo Frio e penetrou no sertão        
2) Outra que se tornou famosa por essas expedições foi a vila de São Paulo.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

EXPANSÃO E OCUPAÇÃO TERRITORIAL (Transcrição)

A EXPANSAO TERRITORIAL ALÉM TORDESILHAS 
Durante o séc. XVII, o território brasileiro sofreu uma grande expansão para o interior,  graças a dois tipos de expedições desbravadoras: entradas e bandeiras.  À procura de riquezas minerais e índios para escravizar, os membros dessas expedições se embrenharam no interior da colônia. Costuma-se  dizer que as entradas eram organizadas  pelo governo, e as bandeiras, por particulares. Essa diferenciação não é totalmente correta,  mas é a que mais se aproxima da realidade. As expedições que seguiam acompanhando o  curso dos rios eram chamadas de monções.  As primeiras entradas foram organizadas logo após o descobrimento de nossas terras. Américo Vespúcio, em 1504, enviou ao interior da colônia uma entrada, que partiu de Cabo  Frio, e outras duas foram organizadas por Martim Afonso de Souza. Com a criação dos  governos-gerais, muitas outras percorreram o interior brasileiro, restringindo-se  basicamente aos sertões baianos e ao norte de Minas Gerais. O centro irradiador das bandeiras, por sua vez, foi São Vicente por motivos que se  relacionam diretamente com a situação da lavoura canavieira dessa região. Apesar de ter  sido pioneira na produção de açúcar, a capitania de São Vicente assistiu ao rápido declínio  de seus engenhos. Muitos problemas contribuíram para isso, destacando-se o solo  impróprio pra o cultivo da cana e a maior distancia da metrópole, se comparada a  Pernambuco.  Com a decadência do açúcar, os habitantes de São Vicente não tiveram outra alternativa,  senão embrenhar-se no interior ‘a procura de riquezas. As bandeiras de São Paulo foram,  assim, muito mais fruto da estagnação econômica do que do espírito desbravador de seus  habitantes.  As bandeiras dividiram-se em ciclos (períodos), de acordo com a atividade que as motivou  em determinado momento. (http://migre.me/8Qtww)
- Ciclo do ouro de lavagem 
- Ciclo da preação ou caça ao índio 
- Ciclo do sertanismo de contrato 
- Ciclo do ouro e dos diamantes 
Roteiro do Caminho via Registro (Piquete) e  Conceição do Embaú.
                                                           Roteiro do Caminho via Guaratinguetá, Piedade e Alto da Serra (Piquete) 

Arte de descobrimento de minas na América portuguesa: os roteiros

1 – Oralidade, escrita e exploração dos sertões de minas do Brasil: Desde as últimas décadas do século XVI, estimulados pelos tesouros encontrados por espanhóis na parte ocidental da América do sul, os coloniais lusos, moradores do litoral - capitanias de Porto Seguro, Bahia, Pernambuco, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo, Maranhão -, entraram no sertão desconhecido em busca de riquezas minerais, como prata, ouro e pedraria, especialmente de esmeraldas. Desde o sul de Pernambuco até São Vicente, os grandes rios que desaguávam no atlântico serviam de orientação, e ainda de meio de penetração para os exploradores. Daí ter sido comum a virada para o sudoeste destas rotas que partiam do litoral - entre as capitanias de Pernambuco e do Rio de Janeiro -, quando acompanhavam o curso superior destes rios com nascentes ao sul. Mas este não foi o caso dos coloniais de São Vicente, que para entrarem no rumo e altura do pretendido sertão de minas deviam buscar a direção norte. Por isso mesmo é que rios, como o São Francisco e o Doce, convinham de balizas para as serras e regiões minerais, nos roteiros e mapas sertanistas. (Fonte: http://migre.me/8PTt4)
 Via Alto da Serra, Núcleo Embrião de Piquete, especificamente Bairro Boa Vista (Meia Lua.) 

CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA DO POVOAMENTO EM SÃO PAULO ATÉ FINS DO SÉCULO XVIII


OS  PRIMEIROS  POVOADORES EUROPEUS 
Náufragos, aventureiros de toda a sorte já estavam, nas primeiras décadas  do século  XVI, estabelecido no litoral e até serra acima. Formavam três núcleos:  São Vicente, Cananéa e Santo André. 
Desses três núcleos o mais importante foi São  Vicente. Servia já naquele tempo de porto de refresco obrigatório para as armadas  em demanda do rio da Prata. Possuía recursos consideráveis, tendo em conta a época e o lugar. Alonzo de Santa Cruz não hesita em chamá-lo de "pueblo de San Vicente".  Descreve seu aspecto parecido  com o de uma aldeia portuguesa do século XVI  com torre de defesa de pedra. Possuía um estaleiro rudimentar para consertos de navios  e até fabricação de bergantins. Seus habitantes europeus cultivavam para seu  sustento e para vender aos navios de passagem, não só os mantimentos da terra  como verduras européias. Criavam galinhas e porcos. São Vicente já era enfim uma verdadeira aldeia, um núcleo de povoamento europeu, o primeiro em toda a costa  da América Portuguesa.  Quanto aos dois outros, parecem ter tido uma importância bem menor.  Celebrizaram-se sobretudo pelos nomes de seus principais habitantes, o misterioso  bacharel de Cananéa e João Ramalho.  A missão de Martim Afonso não foi portanto de fundar um núcleo de  povoamento, mas mui habilmente de se aproveitar do que já existia, de se servir da  base, de lhe dar uma vida oficial e localizar dentro desses núcleos os povoadores  importados. Não é fundador, é colonizador. É o espírito prático, conhecedor das  realidades, que sabe se aproveitar da oportunidade única de apoiar sua colonização  em homens adaptados ao país e que vão em grande parte, garantir-lhe o  suces so.  Martim Afonso oficializa a existência de São Vicente e  com notável visão compreende a importância da aldeia de João Ramalho em pleno sertão, a única em toda a  costa atlântica da América. Cria os cargos de governo, dá existência oficial, distribui  terras pelos imigrantes.  São Vicente, devido a sua situação de porto de mar, prospera rapidamente.  É dele que vai partir a onda povoadora. Já em 1545 Braz Cubas funda a cidade de  Santos em lugar bem escolhido. Mais tarde, em tempos já de Thomé de Souza, Santo  André, a boca do sertão, atrás de seus muros de pau a pique e taipa, constantemente  atacado pelos índios, toma-se um verdadeiro castelo forte de fronteira.  Em torno desses núcleos já se abrem as roças, já se fundam os engenhos de  açúcar, já se cria um povoamento rural. O colono lavra a terra e defende sua fazenda  de armas na mão contra o índio.  Mas em meados do século XVI aparece um novo fator do povoamento  com  um verdadeiro método de colonizador: o jesuíta. Nóbrega  com sua alta visão de  político, Anchieta  com a energia de um santo jesuíta, resolveram fundar serra acima, entre as tribos guaianases, um  colégio para catequizar os silvícolas. A situação  geográfica de São Paulo, sua localização estratégica sabiamente escolhida pelo  instinto guerreiro dos índios, em pouco tempo transformou  e s se novo castelo forte  num núcleo de povoamento de primeira ordem. A política jesuíta de aldeamento  dos índios em pouco tempo esparramou pelos territórios do planalto, em  tomo de São Paulo, uma quantidade de aldeias. Entre essas aldeias  espalharam-se as fazendas. O sertão  começou a recuar.  Por outro lado, já em fins do século XVI  começam a aparecer serra acima  as primeiras povoações de fundação particular. Parnaíba fundada por volta de 1580  por André Fernandes, Mogi das Cruzes e Juqueri. No litoral fundam-se os núcleos  de Itanhaem, Xiririca e Iguape. De tal maneira que ao alvorecer do século XVII a  situação do povoamento de São Paulo era a seguinte.  O litoral sul já era bastante povoado  com as vilas de Cananéa (vila em 1578),  Xiririca, Iguape, Itanhaem (vila em 1561), Cubatão, São Vicente e Santos. O litoral  norte, entretanto, era muito menos povoado, não possuindo nenhuma vila. Algumas  sesmarias tinham sido concedidas em São Sebastião, mas nenhuma aldeia, nenhum  povoamento urbano existia. É que os terríveis Tamoios de seu quartel general em  Ubatuba assolavam a costa Norte toda até o forte construído em Bertioga,  como  sentinela avançada da civilização paulista. O litoral Sul ao contrário, já antes do  povoamento oficial de 1532, todo  ele habitado pelos guaianases aliados dos  vicentinos.  No planalto o núcleo principal era São Paulo. Em torno da futura capital as  inúmeras aldeias de índios fundadas pelos jesuítas: M'Boy, Santo Amaro, Pinheiros, Guarulhos, Carapicuiba, Itaquecetuba, São Miguel, etc. e mais as primeiras  vilas de fundação particular já citadas.  É essa esquematicamente, a situação dos núcleos de povoamento urbano de  São Paulo em fins do século XVI.  (http://migre.me/8PVEP)
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Um dos caminhos era, Via Registro (Piquete), Conceição do Embaú (Cruzeiro)
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Topônimo Alto da Serra, espaço colonial de Piquete-SP, Garganta do Sapucaí, Desfiladeiro de Itajubá, Caminho Velho, Caminho Geral do Sertão, Caminho dos Paulistas, Estrada Real do Sertão.
Fonte Carta corográfica - Capitania de S. Paulo, 1766 (http://migre.me/96jly)

A PRESENÇA PORTUGUESA NA REGIÃO PLATINA* (Transcrição)


1- Jesuítas, mercadores de escravos e bandeirantes. Desde o começo da colonização da costa meridional do Brasil que  os portugueses pretenderam integrar a região do Rio da Prata e toda a área, hoje conhecida como Região Platina, ao seu já vasto império. A primeira expedição colonizadora às regiões do sul do Brasil – a de Martim Afonso de Sousa (1530/1532) – avançou até o Rio da Prata, o qual Pero Lopes de Sousa, irmão do capitão, chegou a percorrer. O naufrágio de Martim Afonso nas costas do atual Uruguai e, possivelmente, devido às suas investigações astronômicas – que teriam demonstrado que aquelas terras estavam fora dos limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas (1494) –, a expedição retornou rumo ao norte e estabeleceu-se em São Vicente, o primeiro ponto, oficialmente, a ser colonizado na costa brasileira (1532) . Entretanto, a idéia de avançar sobre o Rio da Prata iria persistir como é provado pela carta do embaixador espanhol, na corte portuguesa, ao seu soberano, o imperador Carlos V, em 11 de julho de 1535, relatando a audiência que tivera com D. João III face às notícias de uma expedição que estava sendo preparada em Lisboa e cujo destino seria o Rio da Prata. Porém, D.João III explicara que a expedição se dirigia para o norte do Brasil (Maranhão). Mas, que ele, El-Rei de Portugal, soubera que, em Sevilha, se preparava uma expedição para ir ao Rio da Prata2 “que era de  su demarcacion y que se abia primero descubierto por un portugues3 y que el queria luego embiar a Vuestra Magestad a requerirle no consintiese que fuese aquella armada que se hazia em Sevilla pues hera em su prejuizio.” 4 A expedição a que D. João III se referia era a expedição de Pedro de Mendonça que estava sendo preparada em Sevilha para rumar ao Rio da Prata, onde chegaria em 1536. Também em relação às terras da Região Platina5 , os lusos pretenderam estender sua posse. Desde os primeiros tempos, as ligações entre Assunção (fundada pelos espanhóis em 1537) e São Vicente foram freqüentes. O fracasso da fundação de Buenos Aires (1536), no Rio da Prata, obrigou os espanhóis de Assunção a utilizar São Vicente e, mais tarde, após a fundação, o Rio de Janeiro como portos de partida para a Europa. O imenso sertão entre São Vicente e Assunção era disputado pelos dois impérios. A falta de condições para estabelecer limites e a escassa população branca impossibilitava seu efetivo povoamento, quer pelos lusos, quer pelos espanhóis. O sertão era o desconhecido, habitado pelos indígenas e por proscritos que para lá fugiam em busca de abrigo, longe da lei. O Peabiru, caminho dos índios que ligava as terras do Paraguai com o litoral do Brasil, serviu para estabelecer o contato entre Assunção e São Vicente. Mas, os perigos eram grandes, devido à presença dos belicosos  indígenas: Guarani, Ibirajara, Tupi e outros. Mas, cedo, os portugueses ultrapassaram a Serra do Mar e ligaram S. Vicente com o planalto. Nesta expansão foram apoiados pelos jesuítas que, desde 1550 (P.Leonardo Nunes, S.J.), haviam chegado a São Vicente. Mas, é com a vinda do P. Manuel da Nóbrega, S.J., então superior da missão6 , que o avanço pelo planalto paulista vai se efetivar, com a fundação da Vila São Paulo de Piratininga (1554). Em suas cartas do ano de 1553, Nóbrega manifesta seu desejo de expandir a ação jesuítica pelas terras do sertão, acreditando, inicialmente, serem estas por direito portuguesas. Somente, após reconhecer a posse espanhola sobre elas e ser proibido pelo governador geral do Brasil, Tomé de Sousa, e aconselhado pelo provincial de Portugal, é que ele desiste de sua pretensão. Os jesuítas foram, ao longo da segunda metade do século XVI e na primeira metade do século XVII, um dos principais elementos da expansão portuguesa ao longo do litoral sul, alcançando as terras do atual Rio Grande do Sul, e no sertão paulista com a instalação de aldeamentos onde reuniam índios para a catequese. O litoral sul foi, também, percorrido por mercadores de escravos de São Vicente e de outras capitanias mais ao norte, como a Bahia, que buscavam indígenas para os mercados de escravos daquelas regiões. Especialmente, o litoral de Santa Catarina foi objeto de interesse por parte dos mercadores de escravos e dos jesuítas lusos, que levavam os índios Carijó para seus aldeamentos em São Paulo e no Rio de Janeiro. A presença de numerosos grupos Carijó na região era fator de atração, tanto para os inacianos como para os mercadores de escravos. Porém, os jesuítas não conseguiram fundar nenhuma residência permanente na região, devido, principalmente, à presença dos mercadores de escravos que instigavam os índios contra os padres, acusando-os de levarem os indígenas para São Paulo e Rio de Janeiro a fim de serem vendidos como escravos ou mante-los escravizados nos seus aldeamentos.(http://migre.me/8PJCT)
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Observação:
1) Em julho de 1550, de Porto Seguro, o capitão Duarte de Lemos escreveu ao soberano, (Tomé de Sousa), garantindo-lhe que ali (Capitania de São Vicente) "é a terra onde está o ouro, porque de nenhuma destas partes podem ir melhor a ele que por esta", já que o Peru "está na altura de dezessete graus que é onde esta capitania está (...)".(http://migre.me/8PHAE)
2) No tempo em que, vindo da Bahia, d. Francisco de Souza, esteve pela primeira vez em S. Paulo, aí vivia Guilherme Glymmer, flamengo, que tomou parte em uma expedição ao sertão e que dela fez uma descrição, que encontrou abrigo na obra de P. Marcgrave – História Botânica do Brasil – nos termos seguintes:(http://migre.me/8PHJU)
Parafraseando: Uma vez que a lendária Serra resplandescente, desde muito, tinha-se por certo que, situava na região central do Brasil. Dada a recomendação contida em carta de Porto Seguro escrita por Duarte de Lemos ao soberano Tomé de Sousa, tendo em vista o ano em questão. Considerando a ação do 7.º Governador da Capitania do Sul D. Francisco de Souza. Resta definitivo que o caminho escolhido em demanda da região do Prata, Serras das Vertente e Alto São Francisco, foi à partir da Capitania de São Vicente, depois Rio de Janeiro. Ou seja, explicação de D. João III no sentido que a expedição se dirigia para o norte do Brasil, justifica-se, uma vez que, o ponto de partida a todo tempo, foi sempre a Capitania do Sul, caminho percorrido por indígenas e por proscritos que para o Sertão fugiam. 

















terça-feira, 24 de abril de 2012

Via Anchieta (transcrição)

O Caminho dos Tupiniquins faria em tese, parte do Peabiru, um caminho que tinha várias ramificações e ligava o litoral até a região onde hoje é a cidade de Assunção e depois Bolívia e Peru. Há alguns registros históricos que apontam diversas trilhas do Peabiru. Uma em tese ligava o interior à cidade de São Vicente, outra para Cananéia e para a Ilha de Santa Catarina em Florianópolis. A notícia dessa estrada mítica que levava até uma região rica em prata e ouro nos Andes, chegou à corte portuguesa que, em 1530, enviou Martim Afonso de Souza ao Brasil para garantir a posse da terra. Entre os primeiros europeus que seguiram esse caminho está Aleixo Garcia e Ulrich Schmidel. Em 1533, Ulrich Schmidel veio de Assunção até São Vicente. Nessa época, no começo da colonização, o caminho foi bastante usado até ser proibido pela Coroa Portuguesa para evitar o contrabando do gado como já citado acima e para evitar atrito com os espanhóis respeitando-se o Tratado de Tordesilhas. (Fonte: http://migre.me/8OJto)

Fonte: http://migre.me/8OKwd
Parafraseando:
1) Em tese não era esse o mapa da trilha que ligava o interior à cidade de São Vicente e que, mais tarde veio a ser designado Caminho Geral do Sertão.
2) Por qual caminho em 1533, Ulrich Schmidel veio de Assunção até São Vicente por terra?
3) Não há prova de que antes da vinda dos europeus fosse correntemente usada, em todo o seu curso, pelos Tupi vicentinos o caminho para o Sertão de São Vicente? Quando surge a declaração no sentido que: Ao menos em certa informação que, depois de 1554, escreveu do Paraguai Dona Mencia Calderón, a viúva de Juan de Sanabria, diz-se que 'de São Vicente se podia ir até Assunção por certo camiño nuevo que se habia descubierto'." É possível desconsiderar que a busca do Planalto de Piratininga deveu-se ao proposito de busca desse novo caminho. 
Fonte http://migre.me/8OLCU

4) Não obstante às  dúvidas relativamente a quem fora o fundador de Mogi das Cruzes,  Aleixo Garcia ou Brás Cuba,  não se constituiu essa região em ponta de lança para o interior da Capitania de São Vicente? Ou seja, para o Sertão da Capitania, via Rio Tietê e Rio Paraíba do Sul, cujo entroncamento com o Caminho do Rio de Janeiro se dava em Guaratinguetá, seguindo-se assim o caminho para o Norte. Em demanda da Serra das Vertentes, alto São Francisco. 
5) Quando o aventureiro Inglês Anthony Knivet declara que seguiu em busca dos mares do Sul, descendo o rio Paraíba do Sul, transpondo uma montanha coberta de florestas, não está falando da mesma região (Alto Sapucaí) de confluência de rios citada por Alexandre Grymmer, rios estes, formadores da bacia do Paraná, que corre para a região do  Plata, onde hoje é a cidade de Assunção e depois Bolívia e Peru. 


domingo, 22 de abril de 2012

Patrimônio Histórico (Transcrição)

Definição
Patrimônio Histórico pode ser definido como um bem material, natural ou imóvel que possui significado e importância artística, cultural, religiosa, documental ou estética para a sociedade. Estes patrimônios foram construídos ou produzidos pelas sociedades passadas, por isso representam uma importante fonte de pesquisa e preservação cultural. Há uma preocupação mundial em preservar os patrimônios históricos da humanidade, através de leis de proteção e restaurações que possibilitam a manutenção das características originais.
Mundialmente, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação) é o órgão responsável pela definição de regras e proteção do patrimônio histórico e cultural da humanidade. No Brasil, existe o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Este órgão atua, no Brasil, na gestão, proteção e preservação do patrimônio histórico e artístico no Brasil.
Quando um imóvel é tombado por algum órgão do patrimônio histórico, ele não pode ser demolido, nem mesmo reformado. Pode apenas passar por processo de restauração, seguindo normas específicas, para preservar as características originais da época em que foi construído.
Lista de alguns patrimônios históricos mundiais: Pirâmides de Gizé (Egito), Machu Picchu (Peru), Estátua da Liberdade (Estados Unidos), Muralha da China (China), Torre de Piza (Itália), Coliseu de Roma (Itália), Palácio de Versalhes (França), Torre Eiffel (França) e Acrópole de Atenas (Grécia).
Lista de alguns patrimônios históricos do Brasil: Cidade Histórica de Ouro Preto (Minas Gerais), Centro Histórico de Olinda (Pernambuco), Pelourinho, Estação da Luz (São Paulo), Ruínas de São Miguel das Missões (Rio Grande do Sul), Cristo Redentor (Rio de Janeiro), Conjunto Urbanístico de Brasília, Palácio do Catetinho (Brasília).
Você sabia?
- É comemorado em 17 de agosto o Dia do Patrimônio Histórico. (Fonte:http://migre.me/8N4Ao)

"A contemplação do patrimônio histórico em uma viagem turística tem muito mais a acrescentar em uma pessoa, enquanto ser humano, do que desperdiçar o tempo em simples momentos de consumo de produtos sem identidade e que nada acrescentam ao conhecimento de cada turista individual."(4)





























Considerando a definição de Patrimônio Histórico temos que: "Patrimônio Histórico pode ser definido como um bem material, natural ou imóvel que possui significado e importância artística, cultural, religiosa, documental ou estética para a sociedade. Estes patrimônios foram construídos ou produzidos pelas sociedades passadas, por isso representam uma importante fonte de pesquisa e preservação cultural."(1) Nestas condições a cidade de Piquete que está localizada no Vale do Paraiba contra forte da Mantiqueira, justificadamente denominada cidade paisagem, dada a sua grande beleza cênica, se constitui em inquestionável itinerário cultural.(2). E sua significação e importância cultural, se justifica por constar no que fora denominado o primeiro roteiro turístico sobre o Brasil, em relatos de André João Antonil na obra intitulada, "Cultura e Opulência do Brasil, com suas Minas e Drogas, publicada em 1711, quando então na descrição do "Roteiro do Caminho de São Paulo para as Minas Gerais e para os Rios das Velhas" no trecho do médio Vale destaca: “De Guaratinguetá até o porto de Guaipacaré, onde ficão as roças de Bento Rodrigues, dois dias até o jantar.“Destas roças até ao pé da serra afamada da Mantiqueira pelas cinco serras muito altas, que parecem os primeiros morros, que o ouro tem no caminho, para que não cheguem lá os mineiros, gastão-se três dias até o jantar.“(3). Temos assim a possibilidade, de ficados em roteiros documentados, proporcionar ao turista, não um simples momento de contemplação, mas a possibilidade de uma viajar no tempo para entender as razões justificadoras do narrador na mesma perspectiva.
(1) Fonte:  http://migre.me/8MXua
(3) Fonte: (Essa estrada vem relatada na obra de Antonil intitulada “Cultura e Opulência do Brasil” publicada em 1711, com o titulo “Roteiro do Caminho de São Paulo para as Minas Gerais e para os Rios das Velhas" e vem descrita no volume XI dos “Documentos Interessantes de Orville Derby citada por (LEITE, Mário. A Região da Mantiqueira, Ensaio Descritivo. Lisboa-Portugal: Composto e Impresso Na Sociedade Industrial de Tipografia, Limitada, 1951, 1.º ed., p. 121)

sábado, 21 de abril de 2012

A identidade como recurso metonímico dos processos de patrimonialização (Autores: Paulo Peixoto)

Resumen:
    Os processos de patrimonializaçao sustentam-se de uma retórica que deifica a noção de identidade. Também os processos de construçao identitária se ancoram, sublimando-a, na noçao de património. Daqui resulta uma ambiguidade inextricável entre os dois termos. Porém, nem todo o patrimonio cria identidade, nem toda a identidade dá origem a um patrimonio. Esta constataçao permite questionar o modo como os processos de construçao identitária se socorrem, por vezes, de recursos aos quais atribuem um estatuto patrimonial. Mas permite igualmente atestar que os processos de patrimonializaçao nem sempre visam fins que tenham a ver com a preservaçao e nao nos processos de construçao identitária, é esta segunda via analítica que este texto privilegia. A análise de processos ocorridos em Portugal permite ilustrar, através de alguns casos empíricos, o modo como a identidade se converte num recurso metonímico dos processos de patrimonializaçao. (Fonte: http://migre.me/8LWVz)(http://migre.me/8LXHQ)
  • Significado de Metanímia: s.f. Retórica Figura de linguagem em que um objeto é designado por uma palavra que se refere a outro, por existir uma relação entre os dois. Quando se "acende a luz", na verdade se aperta um botão, fechando um circuito elétrico e produzindo luz. Mas se dá o nome do efeito à causa.(Fonte: http://migre.me/8LZqu)

Projeto (1) - p.i.q.t - patrimonialização e identidade na qualificação do transcender. "Juntos nós podemos mudar a nossa rua, a nossa comunidade, a nossa cidade, o nosso país."(Objetivos para o milênio)

Projeto (1) - p.i.q.t - patrimonialização e identidade na qualificação do transcender.

O resgate do senso de comunidade, da origem ao pertencimento, que possibilita o transcender para uma verdadeira apropriação da memória coletiva e do sentido de lugar. 
Estação Rodrigues Alves
Igreja São José, ao fundo, Pico do Meia Lua
Fachada do prédio que fora antigo cinema.
 Objetivos para o milênio: Juntos nós podemos mudar a nossa rua, a nossa comunidade, a nossa cidade, o nosso país.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

TRAILER FILME NARRADORES DE JAVÉ

PARAFRASEANDO: UM POVO SEM MEMÓRIA É UM POVO SEM HISTÓRIA, UM POVO SEM HISTÓRIA É UM POVO SEM FUTURO!
Em respeito ao sentimento de pertencimento está previsto na referida Convenção, na hipótese de haver necessidade de deslocamento da comunidade, o que só se admite em casos excepcionais, o dever de ser preservado o direito de para lá retornar ou, em caso de total impossibilidade de retorno, devem ser garantidas terras em qualidade e estatuto jurídico iguais para que não percam seus referenciais de identidade, garantindo-se, assim, a sua preservação e desenvolvimento. (Ana Lúcia Amaral)

Pertencimento (Ana Lúcia Amaral)

A sensação de “pertencimento” significa que precisamos nos sentir como pertencentes a tal lugar e ao mesmo tempo sentir que esse tal lugar nos pertence, e que assim acreditamos que podemos interferir e, mais do que tudo, que vale a pena interferir na rotina e nos rumos desse tal lugar. (http://migre.me/8KCiu)


O resgate do senso de comunidade, da origem ao pertencimento, que possibilita o transcender para uma verdadeira apropriação da memória coletiva e do sentido de lugar.

Seminário “Património e Identidades” – Painel: “Território, Identidades e Políticas Culturais”

(Transcrição) A noção de “cidade criativa” tem vindo a ganhar uma centralidade crescente nos últimos anos, seja no debate académico, seja na actuação pública e no discurso político, em diversos países e instituições supranacionais. A origem deste interesse provém de abordagens conceptuais e disciplinares muito diversas, que têm confluído, nos anos mais recentes, para a valorização da criatividade e do papel que esta pode ter na competitividade urbana. Este artigo procura equacionar os principais desafios para as políticas culturais e para as políticas de desenvolvimento urbano decorrentes desta noção de cidade criativa, analisando as principais implicações em termos da intervenção pública nestes domínios. Partindo da constatação de que os recursos específicos de cada espaço ganham um peso fulcral na afirmação competitiva dos territórios e de que as políticas de desenvolvimento regional têm vindo a dedicar crescente atenção a aspectos com a identidade local ou a valorização do patrimônio existente e historicamente construído e acumulado em cada espaço, discutem-se nesta comunicação algumas vertentes deste renovado interesse por esses aspectos, com um enfoque particular nas questões dos processos de patrimonialização e dos mecanismos de transformação do território na lógica da requalificação urbana. (Fonte: http://migre.me/8JLn9)
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Parafraseando: Exemplo em Piquete de Valorização do patrimônio,   nacionalmente reconhecido, "Jongo de Piquete", e a necessidade de patrimonialização de ativos específicos  como a "Tradição Tropeira", e tantas outras, não obstante, vitimadas pela indiferença,  graças a força da tradição se mantem vivas. 

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Dilatação dos confins: caminhos, vilas e cidades na formação da Capitania de São Paulo (1532-1822)


A Capitania de São Paulo e Minas de Ouro (1711-1765)
Em 1709, em função das descobertas auríferas, a Coroa reincorporou, por compra, os territórios já bastante dilatados das antigas capitanias de São Vicente e Santo Amaro, para controlar efetivamente a nova região que, cada vez mais, crescia em importância aos olhos metropolitanos. Para sede da Capitania de São Paulo foi escolhida a vila de São Paulo dos Campos de Piratininga, elevada à condição de cidade em 1711. A criação dessa Capitania de São Paulo e Minas de Ouro marcou não só o início de um período de absoluta centralização administrativa de Portugal em relação ao Brasil mas, principalmente, o menosprezo por aqueles que muito tinham contribuído para a dilatação da Conquista: os donatários e demais colonos.
No final do século XVII, encontramos a então Capitania de São Paulo e Minas de Ouro com limites completamente diversos das primitivas Capitanias de São Vicente e Santo Amaro, que lhe deram origem. A sua própria denominação refletia a mudança. Com uma rede urbana bastante ampliada e um território em grande parte explorado, interiorizado, podemos dizer que, de periferia, a capitania passou a grande polo transformador dos destinos econômicos da colônia. Encerrou esse segundo século com um conjunto de 14 novas vilas que, sem dúvida, constituem uma representação espacial da mudança dos interesses metropolitanos em relação à região. Cada novo caminho oficial, cada nova vila e cada nova alteração de traçado urbano consistia na oficialização dos passos dos diversos atores envolvidos no processo de colonização. A busca de novas fontes de riqueza condicionou essa interiorização, e cada passo foi oficializado ao sabor dos interesses metropolitanos, merecendo o estatuto de vila. As novas vilas, portanto, não nasceram aleatoriamente (Figura 5).

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...